A passividade dos aliados do Governo Cid Gomes na Assembléia Legislativa começa a dar lugar a cobranças de ações por parte do Executivo, que de fato resultem no "grande salto" para o Ceará, como o prometido no slogan da campanha eleitoral, em 2006. Parlamentares da base aliada e oposicionistas cobram mais investimentos e reclamam de algumas ações desenvolvidas em setores importantes para o crescimento econômico do Estado, como na agricultura.
Ontem, em pronunciamento, o deputado Cirilo Pimenta (PSDB) reclamou das políticas públicas estaduais voltadas para o incentivo à agricultura. "Há um declínio no setor primário do Ceará", lamentou ele. Para o tucano, são "equivocados" os incentivos do Governo para o plantio da mamona, com fim de produção de biodiesel. Na sua avaliação, as ações governistas deveriam estar voltadas para o resgate da cultura do algodão. "O algodão pode trazer de volta as oportunidades perdidas. É uma cultura muito mais rentável", disse.
Conforme o líder do PSDB na Assembléia, deputado João Jaime, como o Estado não é capaz de produzir mamoma em quantidade suficiente para suprir a necessidade das duas usinas instaladas no Estado, a tendência é que as empresas migrem para outras regiões do País, onde a produção de oleaginosa é capaz de atender o fornecimento da matéria prima.
Se os aliados têm restrições às ações no setor agrícola, a oposição critica o desempenho do Estado quanto à geração de empregos. O deputado Adahil Barreto (PR) lamentou a redução de 4.905 postos de trabalhos em janeiro passado. Para ele, a diminuição dos empregos informais deve estar relacionado aos investimentos aquém dos que estavam previstos no orçamento de 2007.
Também crítico foi o pronunciamento do deputado Tomas Figueiredo Filho (PSDB) ao analisar os números que apontam para a queda na produção industrial no Estado em 2007, comparando ao desempenho do exercício anterior. Para o tucano o Governo precisa buscar alternativas para alavancar o desenvolvimento do Estado do Ceará.
Ele avalia que o retrocesso não se deu apenas no setor industrial. Conforme Tomas, o Estado "está ficando para trás" também no turismo. "A queda foi de 14%, a maior em todo o País. Isso significa também queda no emprego e nos investimentos", lamentou, enfatizando que a atual gestão precisa direcionar os investimentos que incentivem as vocações e os potenciais locais. "Enquanto o Brasil anda, o Ceará está parado", comparou.
Nelson Martins, em defesa, apontou o que pode ter interferido nos resultados planejados na agricultura: a estiagem que assolou a maioria dos municípios cearenses, no ano passado. Quanto à produção de mamona, ele diz que o Governo está fazendo tudo o que é possível para incentivar mais ainda o plantio da oleaginosa. FONTE: Diário do Nordeste ? CE