"Aqui não vai ser diferente de Tailândia. A reação das pessoas pode se dar da mesma forma. Não sei se vai ser brutal. O governo está impondo regras muito duras para a extração de madeira. Para onde vão os funcionários que irão perder seus empregos? Espero que não ocorra violência", diz Rodrigues. O empresário é dono do grupo a Vale do Rio do Peixe Madeireiro e foi autuado várias vezes pelo Ibama. A última multa aplicada em sua empresa, a Vale do Rio do Peixe Madeireiro, foi de R$ 90 mil, por ter sido constatado que o número de toras em estoque era diferente do registrado na contabilidade. Ele alegou que, quando se transforma tora em madeira serrada (ripa, por exemplo), há uma perda de até 50% do produto bruto.
O madeireiro é integrante da Comissão de Meio Ambiente da Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Femato). Ele já participou de várias edições da Conferência Nacional do Meio Ambiente, que reúne ambientalistas e defensores dessa causa. Mas ele não vê qualquer contradição em atuar num meio de defensores do meio ambiente e ser um madeireiro alvo de seguidas autuações. "Acho isso muito normal. Não fiz nada de mais. Ser madeireiro não significa destruir o meio ambiente. Pelo contrário, para nós é preciso preservá-lo para a gente sobreviver", opina. Segundo Rogério, em todos os dezenove municípios do Mato Grosso que estão na lista dos 36 mais devastadores da Amazônia, impera um clima de indignação com o decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva proibindo atividades com madeira nessas localidades.
A Arco de Fogo também é alvo dos madeireiros. "Todo mundo está apreensivo. Os fiscais estão habituados a chegar aqui e multar e autuar. Acham que todos nós somos bandidos. Ainda mais depois que nossas cidades entraram na lista suja da Marina Silva (ministra do Meio Ambiente). Vamos provar que não somos bandidos." Na sua madeireira, Rogério fabrica carrocerias para caminhões.
Defesa da floresta
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse ontem em São Paulo que o governo estuda criar um mecanismo de auxílio aos trabalhadores de baixa renda da Amazônia que hoje trabalham em atividades ilegais, como na extração de madeira sem autorização. "Estamos trabalhando na proposta de uma bolsa de serviços ambientais para os que ficarão desempregados saírem dessas práticas ilegais." A ministra falou durante um fórum organizado pelo jornal O Estado de S.Paulo.
"Estamos criando um caminho de saída. O governo federal está trabalhando com os governos estaduais em uma espécie de defesa da floresta, oferecendo algo que possibilite uma renda para essas pessoas não dependerem dos postos de trabalho nessas práticas ilegais", afirmou Marina Silva. O plano é uma reação a conflitos ocorridos na semana passada em Tailândia (PA). Madeireiros autuados por extração ilegal mobilizaram a população local para evitar a retirada da madeira pelos fiscais do governo estadual e do Ibama. "Aquelas pessoas são, na maioria das vezes, incitadas a se colocarem contra a fiscalização." FONTE: Correio Braziliense ? DF