Roldão Arruda
Um grupo de integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) foi abertamente hostilizado, ontem pela manhã, por moradores do município de Taió, na região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina. A Polícia Militar teve que intervir para evitar confronto.
Os sem-terra, num grupo de quase de 50 pessoas, estavam concentrados diante do fórum, onde era realizada uma audiência de conciliação entre seus representantes e os donos da Mato Queimado, fazenda invadida pelo MST desde o dia 30 de janeiro. Eles foram surpreendidos com a chegada de quase 400 pessoas da cidade, em ônibus fretados. Elas portavam faixas e gritavam palavras de ordem contra a presença do MST no município.
"Taió não merece isso", dizia uma das faixas. O comércio da cidade mostrou apoio aos fazendeiros mantendo as portas fechadas durante duas horas. Mesmo em menor número e com crianças entre eles, os sem-terra responderam agitando suas bandeiras vermelhas e entoando hinos do MST.
TENSÃO
O clima de tensão em Taió se arrasta desde o dia 18 de janeiro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto de desapropriação da Mato Queimado e destinou seus 900 hectares para a reforma agrária. Passados 12 dias, 150 famílias invadiram a área.
Desde o primeiro dia da invasão, segundo relatos dos sem-terra, as famílias têm sido hostilizadas pelos fazendeiros e seus vizinhos, que discordam da desapropriação e tentam revertê-la por meios legais. Na ocasião, a presidente do PT em Santa Catarina, deputada federal Luci Choinacki, solicitou à Secretaria de Segurança Pública que interferisse para garantir a segurança no local.
Ontem, durante a audiência presidida pelo juiz agrário Sílvio José Franco, ficou decidido que os invasores deixarão a área. Serão removidos provisoriamente para um assentamento em Santa Terezinha, município vizinho de Taió.
A desapropriação da fazenda fez parte de um pacote de decretos assinado pelo presidente Lula em janeiro e que resultou em quase 107 mil hectares para a reforma - o que corresponde à metade do conjunto de terras desapropriadas em 2007. Segundo informações do Ministério do Desenvolvimento Agrário, até o fim de fevereiro as desapropriações chegarão a 255 mil hectares.
Na opinião do presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, o resultado desse movimento provocará mais tensões e uma enxurrada de processos judiciais, contestando as desapropriações. FONTE: Estado de São Paulo ? SP