Luciano Pires
Ainda sob os efeitos da crise com a União Européia (UE), o governo anunciou ontem que vai passar a limpo uma parte dos processos atualmente adotados no sistema de monitoramento do rebanho bovino. A primeira medida tomada pelo Ministério da Agricultura foi a suspensão imediata da inclusão de mais fazendas na base nacional de dados, aprovadas no Sisbov ? o programa de rastreabilidade. Novas propriedades só poderão integrar o cadastro depois que o serviço de inspeção prestado por certificadoras privadas for integralmente auditado.
O gesto tem grande simbolismo porque coloca sob suspeita as companhias e o serviço prestado por elas. O próprio ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, condena a atuação de algumas empresas. "Ou elas vão trabalhar em ordem ou caem fora do processo", disse ontem durante reunião do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Agricultura (Conseagri), no Parque de Exposições da Granja do Torto. Segundo Stephanes, a intenção é "colocar a casa em ordem" o mais rápido possível para que o setor privado restabeleça a capacidade máxima de exportar carne para a Europa.
Ao todo, 47 certificadoras têm permissão do governo para aferir e atestar os padrões de rastreabildiade adotados nas fazendas brasileiras. Depois da minuciosa auditoria proposta pelo ministério, a estimativa é que menos de 25 continuem aptas a atuar. No banco de dados oficial, constam cerca de 10,2 mil fazendas aprovadas no Sisbov. As inspeções das certificadoras serão feitas por fiscais federais agropecuários do Ministério da Agricultura e por serviços veterinários estaduais.
Desde 2002, o Brasil vem sendo cobrado pela UE a corrigir as falhas no sistema de rastreabilidade bovina. Em fevereiro, os 27 países que compõem o bloco econômico ? maior importador de carne de boi brasileira ? deixaram de comprar cortes in natura. As vendas foram retomadas quatro semanas depois, mas os europeus definiram que só importariam carne de 106 fazendas. Recentemente, o Ministério da Agricultura descredenciou 11 propriedades que faziam parte dessa lista. FONTE: Correio Braziliense ? DF