Visivelmente emocionada durante seu depoimento ao relatar os casos de barbárie cometidos contra as mulheres rurais, na manhã dessa quinta-feira (29 de março), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) que investiga a violência contra a mulher do campo e da floresta e que apura denúncias de omissão do poder público diante do problema, Carmen Foro analisa: “Existem iniciativas do governo federal com relação às mulheres rurais, mas ainda são muito tímidas”. Atualmente, Carmen Foro é secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG e porta-voz de milhares de mulheres trabalhadoras rurais organizadas pela CONTAG e coordena a Marcha das Margaridas, mobilização que apresentou ao Governo uma pauta política para as mulheres brasileiras do campo e da floresta. “Apresentamos ao governo e à sociedade brasileira uma agenda de superação da difícil e vergonhosa situação em que vivem as mulheres rurais, inclusive de invisibilidade”, registra Carmen e, numa alusão à mídia oficial, relata: “As notícias de assassinatos bárbaros de nossas mulheres sequer chegam ao conhecimento da sociedade”. Para ela, já termos um Plano Nacional de Políticas de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres, que os movimentos sociais ajudaram a construir, é muito importante para o país. Contextualizando a situação em que vivem essas mulheres, Carmen lembra que esse universo corresponde a cerca de 50% da população, em sua maioria pobres e negras, com dificuldades reais enfrentadas no que dizem respeito ao acesso às políticas públicas de enfrentamento à questão. Em seu depoimento a secretária da CONTAG falou também do aumento do número de casos de mulheres ameaçadas na luta pela terra. Encerrando, ela declarou: “Nossa luta consiste em não baixarmos a guarda em torno dessa questão. Depositamos nessa Comissão nosso desejo de não tropeçarmos na banalização dos casos de violência cometidos contra as mulheres”. A CPMI promoveu a audiência com representantes dos movimentos sociais, entre os quais Carmem Foro, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag); Maria Helena Azumezohero, do Conselho Nacional das Mulheres Indígenas; além de Rosângela Piovizani, representante do Movimento das Mulheres Camponesas. O plano de trabalho do colegiado da CPMI prevê a elaboração de um mapa da violência contra a mulher no Brasil, que será construído a partir dos dados obtidos pelos parlamentares. A comissão apresentará seu relatório até o final do mês de agosto. A senadora Ana Rita (PT-ES) é a relatora da comissão e a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG) assumiu a presidência da CPMI. Outras audiências já estão previstas para acontecerem nos estados da Paraíba, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Amazonas, Acre, Rondônia e Alagoas.
FONTE: Imprensa Contag - Maria do Carmo de Andrade Lima