Buenos Aires, 6 mai (EFE) - As agropecuárias patronais da Argentina se mostraram hoje dispostas a conceder "outro dia" ao Governo para não retomar os protestos, depois que o chefe de gabinete, Alberto Fernández, admitiu que houve "erros" no novo esquema de impostos às exportações de grãos. "O chefe de Gabinete admite que as retenções (impostos à exportação) são um problema que o Governo está disposto a modificar. Reconheceu que há erros no sistema de retenções que devem ser corrigidos", disse o titular da Federação Agrária Argentina (FAA), Eduardo Buzzi, após a reunião com Fernández.
Os dirigentes da FAA, da Confederação Intercooperativa Agropecuária (Coninagro), das Confederações Rurais Argentinas (CRA) e da Sociedade Rural Argentina (SRA) concordaram em que houve "alguns avanços" na reunião de hoje. Apesar disso, afirmam que persistem "muitas dívidas", já que apesar de o tema dos direitos de exportação de grãos ter sido tratado, não se chegou a uma resolução concreta sobre a questão. As partes resolveram voltar a se sentar amanhã para discutir o tema das retenções em nível técnico. Por isso, as entidades agropecuárias recomendaram a seus representados esperar "com calma" os frutos dessa reunião antes de retomarem os protestos.
Buzzi afirmou à imprensa que "o Governo admitiu que é preciso modificar as retenções" e que as autoridades da Secretaria de Agricultura explicarão amanhã "quando e como" serão feitas essas mudanças nos impostos às exportações de trigo, soja, milho e girassol.
O dirigente agrário disse que amanhã também haverá uma reunião com as autoridades do estatal Banco Nación para buscar uma solução para os cerca de 5 mil produtores que ainda endividam essa entidade em 800 milhões de pesos (cerca de US$ 250 milhões).
Os produtores agropecuários realizaram durante três semanas uma greve comercial com bloqueios de estradas em reivindicação por uma política agropecuária integral e a criação de um novo esquema de impostos móveis às exportações de grãos.
A medida foi suspensa em 2 de abril pelo prazo de um mês, para habilitar as negociações entre as entidades do campo e o Governo, abaladas por manifestações, passeatas e contramanifestações.
Na sexta-feira passada, os agricultores resolveram esperar até a reunião de hoje para ver se o Governo aceitava discutir o tema das retenções ou, caso contrário, retornar à greve e aos bloqueios.
"Tenho certeza que o povo vai esperar um dia mais a definição deste tema, que não pode se prolongar mais. Precisamos deste sinal para poder seguir adiante", disse o titular da Sociedade Rural, Luciano Miguens, em alusão às centenas de produtores que permanecem ao lado das estradas, em "estado de alerta e mobilização".
Miguens lembrou que os homens do campo ainda esperam que se concretize a promessa do Governo de reabrir as exportações de trigo e conceder as permissões para exportar carne bovina depois da reabertura do registro para colocações, concretizada na segunda-feira.
Por sua parte, Buzzi admitiu que os produtores não estão comercializando grãos, depois que na sexta-feira passada as quatro entidades do campo recomendarão a seus filiados enviar aos mercados o mínimo indispensável de sua produção.
"Os produtores estão preocupados, mas esperamos que na reunião de amanhã vejamos uma luz para achar soluções", disse o titular de CRA, Mario Llambías. FONTE: Portal Último Segundo/IG - Com Agência EFE - 06/05/2008 - 20:43