Denise Madueño
A Câmara rejeitou ontem o projeto que acaba com a obrigatoriedade da contribuição para o chamado Sistema S, como se convencionou denominar as entidades mantidas pelos empresários para aperfeiçoamento dos trabalhadores. A proposta de emenda constitucional foi rejeitada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por 46 votos a 8, depois de cerca de cinco horas de discussão, com troca de insinuações entre o presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), deputado Armando Monteiro (PTB-PE), e o autor do projeto, deputado Edmar Moreira (DEM-MG). Moreira, derrotado na votação, informou que já conseguiu 235 assinaturas, mais do que suficientes, para a criação de uma CPI para investigar o Sistema S.
Todas as entidades do Sistema S arrecadam juntas R$ 13 bilhões por ano, segundo dados de Monteiro, com contribuição das empresas calculada sobre a folha de pagamento. A proposta rejeitada ontem será arquivada.
Moreira afirmou que a CNI fez forte pressão sobre os deputados. "Eu presenciei uma atuação muito perseverante em termos de aliciamento de deputados com relação a votos. Foi estabelecida aqui uma boca-de-urna."
"CAIXA-PRETA"
O autor do projeto disse que o Sistema S é uma "caixa-preta" e não existe transparência em suas contas. "O produto da arrecadação tem servido para a acomodação de empresários malsucedidos nos comandos dessas entidades, mediante polpudas remunerações e desmedidas mordomias", argumentou Moreira. Na reunião da CCJ, ele citou que o salário de um diretor de entidade do Sistema S é de R$ 21 mil, segundo dados de 2003.
O presidente da CNI insinuou que Moreira tinha interesses não revelados ao apresentar a proposta. "Não traria aqui nenhuma informação que pudesse fazer juízo de valor sobre a motivação de vossa excelência com esse projeto", disse Monteiro. Ele contou que Moreira estava em disputa judicial com o Sistema S por causa de um débito. O deputado confirmou que suas empresas rejeitaram cobranças que acabaram na Justiça, mas insistiu em que não apresentou a proposta em benefício próprio. FONTE: Estado de São Paulo ? SP