03/01/2008
A cadeia cafeeira vai colher uma das suas melhores safras em 2008. Embora não haja perspectivas de grandes saltos nos preços internacionais dos grãos para o ano que vem, a receita das indústrias torrefadoras e dos exportadores brasileiros deve ser novamente a melhor da história, aliada a um aumento expressivo da produção nacional de café.
Com consumo aquecido no mercado interno - que cresce em média de 4,5% a 5% ao ano, ante 1,8% no mercado global -, as indústrias torrefadoras traçam planos para expandir ainda mais as vendas no país. Segundo Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), a expectativa é que a demanda continue aquecida no mercado interno e cresça em torno de 1 milhão de sacas em 2008.
Em 2007, o consumo de café no país está estimado em 17,3 milhões de sacas, um aumento de 6,1% (ou 1 milhão de sacas a mais), comparado à 16,3 milhões de sacas consumidas em 2006. Para este ano, a expectativa é continuar neste ritmo de crescimento. "Considerando os fatores macroeconômicos, como o aquecimento das vendas no varejo, nos bens duráveis e boas perspectivas econômicas, o setor de café deverá se manter otimista", afirma Herszkowicz.
As indústrias devem ter encerrado 2007 com movimento de R$ 6,7 bilhões, um crescimento robusto de 24%, estimulado pelos bons preços da matéria-prima no mercado internacional. Em uma estimativa conservadora, 2008 deve registrar valorização de 5%, ultrapassando R$ 7 bilhões.
O mesmo clima otimista contagia os exportadores. A expectativa é de que os embarques no ano passado totalizem cerca de 28 milhões de sacas, repetindo os volumes de 2006. Em receita, as exportações devem ultrapassar a marca de US$ 4 bilhões, com um aumento de 11% sobre o ano passado (de US$ 3,6 bilhões).
Para 2008, os volumes embarcados devem ficar entre 27 milhões e 28 milhões de sacas, mantendo ou mesmo ultrapassando a receita alcançada neste ano, afirma Guilherme Braga, diretor-executivo do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Depois de um ano de safra menor, por conta da bianualidade da cultura, a colheita do ciclo 2008/09 deverá crescer, no mínimo, 30%, em estimativas mais conservadoras. No mercado, analistas acreditam que a nova colheita poderá alcançar até 50 milhões de sacas, ultrapassando o recorde de 48 milhões alcançados em 2002. Depois de um longo período de estiagem, que afetou os cafezais entre os meses de setembro e parte de outubro, as chuvas contínuas nas últimas semanas indicam que a produção de café dará bons frutos.
Apesar da maior produção, os estoques nas mãos do governo devem zerar ao longo de 2008. No ano passado, foram realizados 23 leilões dos estoques oficiais, de grãos armazenados de safras antigas, sobretudo dos anos 80. Os estoques nas mãos da iniciativa privada e produtores não são divulgados. Mas, de acordo com fontes do setor, os volumes devem girar entre 3 milhões a 4 milhões de sacas.
Para preços, os analistas de mercado não acreditam em um cenário muito otimista, considerando a maior safra brasileiro. No entanto, não há indicações de quedas acentuadas, considerando os baixos estoques do grão nas mãos dos países consumidores, afirma Braga, do Cecafé.
Nos últimos 12 meses, os preços internacionais do café arábica na bolsa de Nova York acumulam alta de 5,77%. Nos 24 meses, elevação de 25,02%. Na bolsa de Londres, as cotações do café robusta acumulam alta de 19,25% em 12 meses e valorização de 63,9% em 24 meses. FONTE: Valor Econômico ? SP