Após receber por três anos os elogios da comunidade internacional aos esforços perpetrados para conter a degradação da Amazônia, o governo brasileiro voltou a ser alvo de pressões vindas do exterior. Desde que foi confirmado que o desmatamento na região voltou a crescer de forma perigosa em 2007, a ONU, a União Européia e diversos governos nacionais já manifestaram publicamente sua preocupação. O temor internacional é que o início do cultivo em grande escala de matéria-prima para a produção de biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol, venha a acelerar ainda mais o desmatamento da maior floresta do planeta.Com chegada ao Brasil, onde fará sua primeira visita oficial, prevista para o próximo domingo (11), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, já sinalizou que seu principal ponto de pauta junto ao governo brasileiro será a Amazônia e os riscos que a expansão dos biocombustíveis pode trazer à floresta. A agenda do sul-coreano, que culminará em um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclui uma visita a uma usina de produção de etanol e um encontro em Manaus com cientistas e lideranças indígenas que atuam na Amazônia brasileira."O objetivo da visita a Manaus e à floresta, feita às vésperas da Conferência de Bali sobre mudanças climáticas, é dar uma clara mensagem política ao mundo sobre a importância da preservação da Amazônia", disse Ban Ki-moon em Buenos Aires, onde iniciou esta semana seu périplo pela América do Sul e Antártida. Marcada para o mês que vem, a conferência da ONU citada pelo secretário-geral pretende definir quais serão os desdobramentos do Protocolo de Quioto após 2012, quando terminará a primeira etapa do acordo.A ONU tem dedicado nos últimos tempos especial atenção à Amazônia. Em relatório apresentado no dia 25 de outubro, o relator especial das Nações Unidas sobre o Direito à Alimentação, o sociólogo suíço Jean Ziegler, cita a provável expansão dos cultivos de cana-de-açúcar e plantas oleaginosas no Brasil - e a ameaça que ela traz à Amazônia - como um dos principais motivos de seu polêmico pedido de moratória por cinco anos na produção mundial de biocombustíveis.Presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), Rajendra Pachauri foi outro que, há poucos dias, se manifestou publicamente sobre a Amazônia brasileira. O cientista indiano, que defende a criação de "um tratado internacional para garantir a cobertura florestal do planeta", sabe o quão complexa é a preservação da floresta: "Nos países emergentes, como o Brasil ou a Índia, há muitas pessoas que sequer tem acesso à energia", disse.
Fonte: site Agência Carta MaiorLeia matéria na íntegra no www.agenciacartamaior.com.br