Dados do Inpe divulgados no mês passado mostram que os maiores índices de destruição da Amazônia ocorreram em Mato Grosso, estado em que as propriedades são extensas e os plantios de grãos, dos grandes proprietários, avançam rumo ao extremo norte, à selva amazônica. A própria ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, responsabilizou, dia 23 de janeiro, o avanço do gado e as plantações de soja pela derrubada de 3.233km2 de floresta nos últimos cinco meses do ano passado. Os números do instituto causaram controvérsias e foram colocados em dúvida pelo governador mato-grossense e um dos maiores produtores de soja do mundo, Blairo Maggi.
Lula, ontem, rebateu críticas externas de que a produção de alimentos e matérias-primas para o biocombustível é responsável pelo aumento do desmatamento. "Posso dizer que não há possibilidade de um cidadão brasileiro dizer em qualquer lugar do mundo que é preciso derrubar um pé de árvore na Amazônia para criar uma cabeça de gado ou plantar um pé de cana ou oleaginosa", disse o presidente de forma enfática. "As terras brasileiras, fora a Amazônia, são suficientes para atender a uma parte do mundo, nos alimentos, e a uma parte das necessidades nos biocombustíveis."
Nas estimativas do IBGE citadas pelo presidente, as plantações "anuais" de milho e soja ocupam 49 milhões de hectares, 6% do território nacional, e podem ser expandidas para uma área degradada de 60 milhões de hectares, sem atingir a floresta amazônica, que totaliza 360 milhões de hectares, isto é, 42% das terras brasileiras. Diante de representantes dos oito países mais ricos e da China, Índia, México e África do Sul, Lula aproveitou para defender que os ricos banquem a preservação da Amazônia, com o repasse de US$1 bilhão por ano para ações de combate ao desmatamento da floresta. No discurso, ele disse que é uma "desfaçatez" países ricos não cumprirem acordos internacionais e, ao mesmo tempo, culparem o Brasil, a China e a Índia pelo aquecimento global. (AE) FONTE: Correio da Bahia ? BA