Henrique Gomes Batista - O Globo
BRASÍLIA - O crescimento da demanda global por alimentos (devido ao aumento da renda e da expectativa de vida), as mudanças climáticas e o uso de grãos para a produção de biocombustíveis farão o Brasil, em até dez anos, assumir a liderança mundial na exportação de etanol e soja, segundo previsões divulgadas nesta quarta-feira pelo Ministério da Agricultura. Nos dois casos, o Brasil vai superar os Estados Unidos no ranking do comércio internacional destes produtos. A pasta espera também que o Brasil reforce sua liderança na venda de açúcar e registre um salto nas exportações de milho no mesmo período.
As projeções indicam que a venda de etanol subirá 220,9% até 2017, a de soja, 40%, a de milho, 60,6% e a de açúcar, 59,9%. Segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o Brasil dará este salto sem substituir áreas de plantio de alimento por culturas para fabricação de etanol e sem aumentar o desmatamento da Amazônia.
- Temos cerca de 200 milhões de hectares (já prontos para exploração), temos que aumentar a nossa produtividade dentro de nossa área já consolidada - afirmou.
A projeção - realizada pelo Ministério da Agricultura e a Embrapa, levando em conta os últimos sete anos de produção e consumo no Brasil e no mundo, além de projeções internacionais para o setor - indica, por exemplo, que a produção mundial de soja subirá 23,3% e ficará mais concentrada entre Brasil, Estados Unidos e Argentina. Hoje, esses países representam 81,2% da produção mundial; em dez anos, o trio responderá por 83%.
Além de assumir a liderança na produção, o Brasil deverá chegar ao topo do ranking de exportadores, vendendo internacionalmente 50,5 milhões de toneladas do grão em 2016/17, o dobro do volume atual.
O maior destaque, contudo, será para o etanol. Atualmente, o país produz 17,6 bilhões de litros e exporta 3,051 bilhões. Em dez anos, a produção deverá ser de 41,629 bilhões de litros, com exportações de 11,292 bilhões de litros.
- Para isso, entretanto, teremos que melhorar o escoamento da produção do Centro-Oeste, este é um grande gargalo - reconheceu o ministro.
O levantamento espera um crescimento regular do cultivo de feijão, condizente com a evolução do consumo. Para o arroz, a situação não deve ser tão boa: a produção não deve acompanhar a demanda, fazendo com que o país passe a importar cerca de um milhão de toneladas do produto por ano em 2016/2017.
O ministério também acredita que a produção nacional de frango ultrapassará a produção bovina em até cinco anos, na carona da preferência cada vez maior dos brasileiros pelo primeiro tipo. Mas as exportações continuarão aquém. A expectativa é que o comércio da tradicional carne vermelha suba 6,18% ao ano na próxima década, contra expansão de 3,5% no de galináceos e de 4,9% de suínos. FONTE: Globo Online ? RJ