Após oito dias de reuniões, a Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) terminou na última terça-feira (29), em Genebra, na Suíça, sem acordos. Na opinião do secretário de Relações Internacionais e vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (Contag), Alberto Broch, o Brasil foi um dos responsáveis pelo racha no G-20, grupo que reúne os chamados países em desenvolvimento.
"Por sermos o líder deste grupo fomos responsáveis por ceder às pressões do agronegócio no que diz respeito aos mecanismos de salvaguarda especial que atendessem, principalmente, as demandas da China, Índia e Filipinas. Outra problemática foi o Brasil aceitar a proposta de abertura de mercados para produtos industriais para os países desenvolvidos, o que fere um acordo estabelecido no âmbito do Mercosul", defende. A Rodada de Doha já dura 7 anos de negociações na tentativa de estabelecer novas regras, mais justas e equilibradas, para o comércio mundial de produtos agrícolas e bens industriais.
Para Alberto, o fracasso de Doha compromete a credibilidade da OMC. "A entidade já apresentava sinais de crise e este resultado contribuiu para deixar fraturas internas também na União Européia", garante.
A Contag lamenta o resultado final da negociação. Para a entidade, a OMC perde a oportunidade de promover regras mais justas para o comércio internacional e, principalmente, de proteger a agricultura familiar enquanto base indispensável para o desenvolvimento rural sustentável.
Apesar do resultado, a Contag termina essa etapa com a certeza de ter cumprido o seu dever. Durante todos os anos de negociação, a entidade apresentou propostas de regras multilaterais para um comércio mais justo e equilibrado, assim como defendeu a agricultura familiar como suporte para a soberania e a segurança alimentar dos países em desenvolvimento. FONTE: Danielle Santos