O Ministério da Agricultura fechou as portas do Brasil às frutas chilenas. Oficialmente, o embargo está sustentado na identificação de um ácaro que ataca as parreiras. Nos bastidores, porém, faz-se a ligação entre a suspensão, pelo Chile, das compras de carne bovina brasileira.
O governo brasileiro tem tentado desde 2006, e sem sucesso, reabrir o mercado chileno. Em fevereiro, o ministério já havia enviado uma missão de especialistas para avaliar a produção de salmões chilenos. A ordem, segundo fontes do governo, era adotar a reciprocidade. "Se eles são rigorosos conosco, seremos também com eles", diz a fonte. A decisão de proibir a importação de salmão pode ser tomada nos próximos dias.
Fechado desde outubro de 2005 à carne brasileira, o Chile quase zerou as compras em 2007. Até a descoberta do foco de aftosa em Mato Grosso do Sul, o Chile era o quarto maior comprador de carne do Brasil, atrás de União Européia, Egito e Rússia. O ministério nega a retaliação. "Não tem nada a ver. Temos que ter segurança fitossanitária", diz o diretor de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, José Geraldo Baldini.
Em 2006, o Brasil já havia tentado impedir a entrada de frutas chilenas. Mas um acordo do Itamaraty com a chancelaria chilena reverteu a decisão do Ministério da Agricultura. O mal-estar ficou e, agora, o "arrocho fitossanitário" atingiu uva, kiwi, pêssego, nectarina, maçã, frutas cítricas chilenas. O ácaro nas uvas chilenas foi identificado por testes conduzidos pela Embrapa Recursos Genéticos, em Brasília. (MZ) FONTE: Valor Econômico ? SP