No último sábado (26) de março, na Cidade de Goiás/GO, aconteceu a cerimônia de formatura de 46 estudantes, da turma especial de graduação em Direito para Beneficiários da Reforma Agrária e Agricultores Familiares, nomeada turma Fidel Castro. Dentre os(as) formandos(as), alguns já passaram na prova da Ordem de Advogados do Brasil (OAB).
A formatura foi realizada após um Seminário que teve início na quinta-feira (24), na Universidade Federal de Goiás campos Goiás.
Representando o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, estavam presentes no Seminário e na Formatura, a secretária de Políticas Sociais da CONTAG, Edjane Rodrigues Silva, a secretária de Jovens da Fetaeg, Dalilla dos Santos Gonçalves e o assessor da Secretaria de Políticas Sociais da Confederação, José Ramix de Melo Pontes Junior.
A conclusão da turma é apenas uma das várias conquistas desta empreitada. A primeira delas foi aprovar a criação do processo seletivo para uma turma de graduação em Direito para Beneficiários da Reforma Agrária e Agricultores Familiares, lembrou a secretária de Politicas Sociais da CONTAG. Edjane, ainda destacou que: os alunos da dessa turma provam que é possível superar a discriminação sofrida no campo.
Para a secretária de Jovens da Fetaeg, o Seminário de Conclusão da Segunda Turma de Graduação em Direito para Beneficiários da Reforma Agrária e Agricultores Familiares Tradicionais, é apenas: o primeiro passo para as transformações sociais que o País precisa.
Cerimônia de Formatura
Na cerimônia de formatura estavam presentes familiares (muitos vieram de muito longe), acadêmicos do campus Cidade de Goiás, advogados(as), integrantes e líderes dos movimentos sindical e sociais, a comunidade e autoridades que participaram da trajetória da turma.
Na cerimônia de formatura, os oradores da turma, Amanda Inara de Brito Santana e Kaio Samuel dos Santos, emocionaram todos, todas e todes com o discurso que relembrou a trajetória da turma e as dificuldades superadas, reafirmando que essa conclusão é uma: vitória expressiva da classe trabalhadora. Ressaltando que a convivência cultural entre os estudantes foi um fator marcante para a formação da turma Fidel Castro e, que ao longo do curso, os(as) estudantes procuraram não perder o foco na luta por direitos e a libertação da classe trabalhadora.
Desde o nascimento do Pronera, a CONTAG carrega a bandeira de luta por uma educação contextualizada, que respeite o lugar de quem vive no campo, com escolas perto das residências das famílias que vivem no meio rural, com professores(as) formados(as) para a educação do campo, com currículos e metodologias adequadas aos trabalhadores(as) rurais e seus filhos(as) e que promova a sucessão rural.
Somente será possível construir um mundo melhor, mais justo e solidário se não perdermos a esperança de lutar, como dizia Paulo Freire: sem embate, a esperança, se desarvora e se desinteressa, e se torna desesperança. Com esse espírito de luta, carregado pelo próprio nome da turma, que a segunda turma do Curso de Direito trilhou a sua caminhada, destacou Edjane Rodrigues.
A garra, os compromissos, a bravura e a luta em defesa da educação do campo foram registradas nos depoimentos de alunos(as).
Ser parte da turma Fidel Castro é motivo de muita alegria, principalmente por ver que conseguimos nos formar apesar de todas as intempéries que vivenciamos. Durante esses seis anos de curso tivemos que enfrentar diversos cenários que, por vezes, nos fizeram questionar se seria possível concluirmos o curso. Foram as mudanças no cenário político, foi a crise sanitária e os ataques daqueles que não nos enxergam como sujeitos capazes que cursar Direito e de ocupar a Universidade Pública. Somos a resistência de um povo que enfrentou a distância da nossa família, a escassez de recursos financeiros para custear alimentação, passagens, materiais de estudo, mas que - sem romantização desse processo difícil - conseguimos nos unir e fazer florescer sonhos, vontades, aprendizados, conquistar espaços e alimentar lutas coletivas e pessoais. Hoje somos frutos de lutas passadas, mas também somos sementes para o futuro. Capazes de contribuir dentro dos nossos movimentos sociais e sindical, bem como ocuparmos outros espaços, seja como advogados(as), docentes, defensores(as) públicos, juízes(as), promotores(as), representantes políticos e demais espaços, pontuou a bacharel em Direito pela turma Fidel Castro, Sara Alves.
Foram muitos os desafios enfrentados e superados, desde o preconceito dentro da Universidade por sermos do campo, até o desmonte das políticas públicas de educação no campo, como o Pronera, e a criminalização dos movimentos sociais. Como mulher camponesa que buscou o empoderamento pelo conhecimento, o acesso à educação, enfrentei a violência doméstica, que me tirou do assentamento onde vivia. Hoje, bacharel em direito, advogada e com as melhores perspectivas, espero contribuir para a efetividade de direitos e acesso à justiça aos trabalhadores e trabalhadoras do campo, das águas e das florestas, ressaltou a bacharel em Direito pela turma Fidel Castro, Leticia Garcês de Souza.
A luta sindical, tornou-se luta por educação e inclusão dos diversos sujeitos na universidade. Nada é fácil, nada nos foi dado, tudo é legado de um processo de luta de mulheres e homens que deram suas vidas pela libertação do povo através da educação de qualidade aos sujeitos do campo. Com isso destaco que o nosso maior desafio agora é estar diuturnamente lado a lado com a classe trabalhadora para não permitir que os retrocessos afetem as pessoas que já vivem excluídas do orçamento do Estado, e que têm seus direitos negados. Viva os movimentos sociais, viva a UFG!!! Seguiremos marchando por um mundo melhor, com direitos e equidade de oportunidades, frisou o bacharel em Direito pela turma Fidel Castro, Willian Clementino da Silva Matias.
FONTE: Secretaria de Políticas Sociais da CONTAG