O etanol produzido no Brasil ganhou ontem um forte aliado: o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke. Em audiência no Comitê Bancário do Senado desse país, Bernanke afirmou que impostos menores para importação de etanol beneficiariam a economia norte-americana. Eu apóio o mercado aberto, afirmou o presidente do Fed. Questionado especificamente sobre os impostos do etanol importado, Bernanke respondeu que "permitir a importação de etanol brasileiro iria reduzir os custos para os Estados Unidos".
A maior parte do etanol produzido nos Estados Unidos é feito a partir do milho, muito mais caro do que o brasileiro, feito a partir da cana-de-açúcar. Além disso, o preço do barril de petróleo está na faixa de US$ 100, algo nunca visto na história dos EUA, que são extremamente dependente desse combustível. Bernanke afirmou que é difícil dizer o quanto a forte demanda atual está impulsionando os preços nos Estados Unidos.
"Mas no caso, uma parte significativa da produção de milho está sendo direcionada para o etanol, elevando os preços" de alimentos, afirmou Bernanke. "E há alguns efeitos colaterais. Por exemplo, algumas áreas de plantação de soja foram direcionadas para a produção de milho, o que provavelmente afeta de alguma forma o preço da soja. Então existe algum efeito no preço dos alimentos proveniente da conversão para uso de energia."
O etanol brasileiro é taxado 56,5% nos Estados Unidos. Para a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), os comentários "representam uma postura extremamente positiva, que vai muito além de questões puramente econômicas". A Unica representa os usineiros do Centro-Sul do Brasil, a maior região exportadora do combustível. Por meio de nota, a Unica informou que a sugestão de Bernanke "desafia a lógica distorcida que prevalece mundialmente, que taxa os biocombustíveis". FONTE: Correio Braziliense ? DF