Os agricultores cearenses que se dispuserem a investir no cultivo de mamona, girassol e outras sementes oleaginosas terão acesso a uma linha especial de crédito do Banco do Brasil (BB). No Ceará, a instituição financeira prevê liberar, inicialmente, R$ 27,5 milhões, mas diz ter condições de ampliar este teto caso apareça demanda para tal.
O financiamento faz parte do programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS), que incentiva vocações produtivas de diversas regiões do País. Segundo o presidente do BB, Antônio Francisco Lima Neto, que esteve ontem em Fortaleza para lançar a etapa do DRS, devem ser beneficiadas cerca de 27,5 mil famílias. Hoje, são atendidos 6,1 mil pequenos produtores. ´Apesar do avanço, reconhecemos que ainda é pouco. Nossa meta é atender a 120 mil famílias´, disse.
Nacionalmente, o DRS concede empréstimos para que 363 mil famílias desenvolvam atividades produtivas. O superintendente de Varejo do BB no Ceará, Adilson do Nascimento Anísio, detalha que a linha operada com recursos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). De acordo com ele, a taxa de juros cobrada é, em média, de 4% ao ano e o prazo para pagamento chega a 24 meses, contando a partir da safra.
Produção ainda é tímida
O titular da SDA (Secretaria do Desenvolvimento Agrário), Camilo Santana, declarou que o governo tem planos para ampliar, já no ano que vem, em nove vezes a produção local de mamona. Por conta da estiagem que se alastra pelos municípios cearenses, ele admite que a safra não chegará a cinco mil toneladas este ano.
´Queremos assegurar que em 2008 tenhamos condições de suprir pelo menos metade da demanda da usina de processamento da Petrobras em Quixadá´, afirma Santana. Para dar conta deste compromisso, é preciso ampliar em 45 mil toneladas a safra local.
Com a medida, o governo projeta aportar R$ 20 milhões em incentivos paralelos aos financiamentos, executados com recursos dos bancos. Neste rol, entram ações de melhoria de produtividade, capacitação profissional e garantia do preço mínimo pago ao produtor. ´Hoje o preço de mercado é de R$ 0,56, mas estamos assegurando o patamar de R$ 0,70´.
Usina opera em 5 meses
Os produtores têm de apertar o passo para garantirem produção que atenda à demanda da usina de Petrobras em Quixadá, que, como reitera o gerente de implantação do Projeto Biodiesel no Ceará, João Augusto Araújo Paiva, deve entrar em operação no primeiro trimestre de 2008.
A planta consumiu investimentos da ordem de R$ 76 milhões e vai colaborar para que a estatal atenda à exigência de que o diesel comercializado no Brasil tenha 2% de biodiesel em sua composição.
R$ 208 MILHÕES EM 2008
Recursos para safra devem crescer 30%
O financiamento da produção agrícola cearense para 2008 deve ter alta de 30%, antecipa o superintendente de varejo do Banco do Brasil no Estado, Adilson do Nascimento Anísio. Segundo ele, o banco aguarda a conclusão do zoneamento rural, feito pelo Ministério da Agricultura, para identificar quais os municípios que terão condições climáticas para produzir e, a partir daí, fechar em definitivo o valor que será liberado. O estudo deve ser concluído até dezembro.
De acordo com Nascimento, o banco deve fechar 2007 com concessão de R$ 160 milhões. Com base no número e na primeira estimativa, o banco deve liberar R$ 208 milhões para as atividades agrícolas no Ceará em 2008. ´Sem contar os R$ 27,5 milhões que estão reservados para a mamona e as demais sementes oleaginosas usadas no biodiesel´, ressalva.
O programa de financiamento familiar com esta destinação deve contribuir para acirrar a concentração da agricultura familiar na composição da carteira de empréstimos. Segundo o superintendente do BB, os pequenos absorvem em média 80% dos recursos do banco.
Os 20% restantes são destinados à agricultura empresarial, desenvolvida em propriedades de médio e grande porte, com finalidades comerciais.
Para o agricultor familiar que se enquadrar nos pré-requisitos do Pronaf, a taxa de juros cobrada é de 4% ao ano, com possibilidade de efetuar o pagamento em até 24 meses, com carência até o início da colheita da safra financiada.
´O financiamento da agricultura familiar não é uma ação de filantropia, mas sim um posicionamento de governança corporativa, através do qual o Banco do Brasil investe em atividades de vocação das regiões e obtém retorno´, destacou o presidente do BB, Antônio Francisco Lima Neto.
Com o financiamento do cultivo de mamona para a produção do biodiesel, ele projeta ´intenso dinamismo na economia do sertão central´.
Leônidas Albuquerque
Repórter FONTE: Diário do Nordeste ? CE