O papel da agricultura familiar no debate sobre o avanço do capitalismo no campo e seus impactos é um dos eixos centrais da coversa dos grupos de trabalho no 11º Congresso Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, que acontece de 04 a 08/03 em Brasília. São muitas vozes manifestando-se em prol de avanços no fortalecimento deste processo de afirmação política. Pensar, propor e identificar os novos rumos de atuação nesta atual conjuntura do capitalismo é papel fundamental dos delegados(as) presentes no 11º CNTTR.
Carmen Foro, secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG, reforça este tema exemplificando que na região norte do Brasil “o avanço do capitalismo no campo é desastroso para nós, trabalhadores e trabalhadoras rurais, quando ocorre apropriação de bens naturais, uso exaustivo de agrotóxicos, transgênicos para aumentar a produtividade e a precarização das condições de trabalho no campo”.
Para Antonio Lucas, Secretário de Assalariados e Assalariadas Rurais da CONTAG, é preciso que o governo perceba que esse modelo atual de produção no campo resulta em agressões desastrosas e irreversíveis. “Sabemos que, além disso, vem ocorrendo um desemprego em massa por causa da produção mecanizada”, afirma Lucas. Além disso, a produção agrícola no Brasil hoje ainda é feita com trabalho escravo. “Precisamos fazer com que o governo brasileiro perceba que ainda há muito a ser corrigido”, alerta o secretário.
De acordo com Alessandra Lunas, vice-presidente e secretária de Relações Internacionais da CONTAG, “essas questões vêm sendo trabalhadas em nível internacional com muita força”. Um estudo realizado em parceira com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) analisou as dinâmicas de acesso à terra e aos recursos naturais.
A Secretária Jovens Trabalhadores(as) Rurais da Contag, Elenice Anastácio, destaca que o avanço do capitalismo no campo está pautado em uma agricultura de grande escala. Por sua vez, “o MSTTR, defende a agricultura familiar e um modelo de produção e desenvolvimento diferenciados”, compara Elenice. Segundo ela, “é necessário valorizar os direitos do homem, da mulher, crianças, juventude e idosos do campo. Esse capitalismo tem levado a juventude rural a sair do campo, uma vez que a mecanização do agronegócio tem tirado os postos de trabalhos de trabalhadores(as) rurais, comprado e arrendado as terras”.
Elias D’Ângelo, candidato a secretário de Assalariados Rurais na chapa única da próxima gestão da CONTAG, complementa que avanço do capitalismo no campo só tende a prejudicar os trabalhadores(as). “O sistema capitalista, baseado na mecanização da produção, não se preocupa com a saúde e qualidade de vida e trabalho do trabalhador(a)”, alerta.
Mazé Morais, candidata a Secretária de Jovens Trabalhadores(as) Rurais da CONTAG, se mostra preocupada com o avanço do capitalismo. A devastação das florestas por queimadas, por exemplo, provoca o desequilíbrio no ecossistema natural. “O desmatamento ocorre principalmente com a prática de queimadas e extração de madeiras para fins comerciais. Isso nós deixa em situação de risco tanto para jovens, mulheres, idosos, enfim, todos e todas”, afirma Mazé. Ela diz que é urgente avançar em políticas públicas que de fato favoreça os trabalhadores(as) rurais e que caminhe em uma direção contrária a este modelo capitalista. FONTE: Imprensa CONTAG - Carolina Almeida