Os fiscais do Ministério da Agricultura realizaram neste mês mais duas apreensões de sementes ilegais comercializadas no Paraná e em Estados vizinhos, elevando para 43,3 mil o número de sacas não-autorizadas retiradas do mercado apenas nos três primeiros meses deste ano.
Segundo Scylla Cezar Peixoto Filho, chefe de Fiscalização Agropecuária do Ministério da Agricultura no Paraná, o crescente número de denúncias envolvendo falsificação de sementes colocou em alerta o Estado. "Decidimos nos aparelhar para enfrentar essa pirataria. Abriremos escritórios onde a incidência das apreensões é maior", disse ele.
Dentro de alguns meses serão abertos escritórios em Capanema, Pato Branco, Francisco Beltrão, Campo Mourão e Cianorte.
Dados do ministério apontam para a apreensão de 1,2 bilhão de sacas de sementes ilegais no período de 2004 a março deste ano.
O maior problema tem sido com a soja, segundo Peixoto. De 2004 a 2007, os fiscais registraram um pulo significativo nas apreensões: passou de 32,8 mil sacas de 60 quilos para 355 mil sacas. De janeiro a março deste ano foram apreendidas outras 6.500 sacas. Praticamente 90% do total de soja era transgênico.
De acordo com Peixoto, a alta incidência de falsificação da soja pode ser explicada pelo fato de a variedade transgênica ter sido proibida no Brasil por muitos anos, o que motivou o contrabando da Argentina - semente que ficou popularmente conhecida como "Maradona" - através do Rio Grande do Sul. As sementes ilegais produzidas hoje têm como matriz a argentina.
"Isso tem nos preocupado muito", diz Eugênio Bohatch, diretor-executivo da Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem). "É difícil dimensionar o prejuízo causado ao produtor de sementes porque o que sabemos é apenas o que foi apreendido. Mas quanto mais foi plantado?", questiona. Bohatch confirma que as denúncias têm aumentado. "Só neste ano, fizemos 15".
As sementes ilegais não possuem o chamado Renasem (Registro Nacional de Sementes), regulado pelo Ministério da Agricultura. Por isso, são produzidas sem autorização do governo. FONTE: Valor Econômico ? SP