Ele é acusado de pertencer a grupo que desviou R$ 20 milhões em AL
Ricardo Brandt e Ricardo Rodrigues
A Polícia Federal prendeu em Brasília, nas investigações da Operação Carranca, Eurípedes Marinho Santos, assessor parlamentar do deputado Joaquim Beltrão (PMDB-AL). Santos teria ligações com o grupo de empresários que fraudava licitações de obras públicas feitas com recursos federais em Alagoas, entre 2004 e 2007. O rombo apurado até o momento é de R$ 20 milhões.
Santos foi preso anteontem, mas só ontem seu nome foi confirmado. O deputado é sobrinho de Zoraide Beltrão, dona do frigorífico Mafrial, de Alagoas, que o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDL-AL), usou para justificar um patrimônio de R$ 1,9 milhão com venda de gado.
Apesar de estar trabalhando no gabinete de Beltrão, o assessor parlamentar atuava no período em que ocorreu a maior parte das fraudes no gabinete do deputado Helenildo Ribeiro (PSDB-AL), morto em 2006.
Ribeiro era pessoa de confiança do atual governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB). Procurado ontem, o governador não foi encontrado.
Beltrão informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não tem nenhum envolvimento com o caso e, no período das fraudes, Santos não trabalhava para ele.
Ao todo foram presas 21 pessoas, entre empresários, secretários municipais, um ex-prefeito, um vereador, funcionários do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), da Caixa Econômica Federal e um professor da Universidade Federal de Alagoas.
O procurador do Ministério Público Federal Rodrigo Tenório afirmou que os nomes não serão divulgados oficialmente, pois as investigações estão em andamento.
ESQUEMA
O esquema desmontado pelo Ministério Público e pela PF era investigado desde fevereiro de 2006, por causa de uma auditoria em convênios realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU), que constatou a atuação de grupos de empresários agindo em conluio para fraudar contratos de prefeituras feitos com dinheiro da União.
Os envolvidos buscavam recursos repassados para as prefeituras pelos Ministérios da Saúde, da Integração Nacional, das Cidades, da Educação, do Desenvolvimento Agrário e do Turismo.
O delegado da PF André Santos Costa explicou que foram identificados quatro grupos que atuavam com a mesma sistemática de fraude. Eles criavam empresas fantasmas para simular as concorrências onde iriam buscar as obras e depois, com a participação de servidores das prefeituras, fraudavam as execuções dos contratos. Obras conveniadas nem eram realizadas ou eram feitas pela metade. Como não havia fiscalização, parte dos recursos era desviada.
O Estado apurou que as empresas que entravam nas concorrências para dar aspecto de legalidade recebiam até 5% do valor desviado.
As investigações envolvem 55 prefeituras de Alagoas, parte delas sob comando político de pessoas ligadas a Renan. Entre elas está a cidade de Murici, berço político dos Calheiros e governada por Renan Calheiros Filho - filho do senador. FONTE: Estado de São Paulo ? SP