Vitórias que endossam e alimentam o trabalho desenvolvido. "Quando você tem esse movimento todo em torno do assentamento, ele envolve a comunidade como um todo, assume uma dimensão de referência naquela terra. Em Canindé, por exemplo, é o assentamento que está à frente de um movimento para criar a primeira Associação de Cultura Campo-Cidade de Canindé. O nosso diálogo com as prefeituras, que é tão difícil pra outras coisas, se abre quando é a parte de cultura", relata a coordenadora. "Quando as pessoas da cidade, que não têm muito contato, conhecem essa realidade, deixam de ter aquela visão preconceituosa. E ficam impressionadas com a infra-estrutura que nós temos lá, com água de cisterna, quadra, uma boa estrutura, tudo com a união das pessoas num projeto coletivo".
Parte dos resultados de todo esse trabalho poderá ser conferida na próxima Mostra Sesc Cariri das Artes, que contará com uma exposição fotográfica (intitulada "Uma terra onde correm leite e mel", do gaúcho Leonardo Melgarejo) e com um espetáculo musical desenvolvido no assentamento do Mucuim, no município de Arneiroz, a ser apresentado no Circuito Patativa do Assaré, nas cidades de Jardim, Brejo Santo, Missão Velha e Jati. A Companhia Vatá também prestará acompanhamento cultural ao Assentamento 10 de Abril, no município do Crato. "Pra mim, a Teia é realmente a grande articulação de experiências, assim, hoje no Brasil", diz Silma. "Juntar isso tudo... Imagine o que isso significa pra pessoas que nunca tiveram oportunidade de sair, de serem reconhecidas, de trocar experiências, de igual pra igual".
"Sem fogo amigo"
Também presente ao evento na capital mineira, o teatrólogo e escritor cearense Oswald Barroso, autor do livro "Arte e Cultura na Reforma Agrária", faz coro à avaliação positiva. E questiona o tom de certas críticas feitas a aspectos do programa. "Acho esse projeto dos Pontos de Cultura tão inovador, tão importante, que todo mundo deve cerrar fileiras na defesa dele. Deve-se tentar corrigir as falhas, fazer as críticas que tiverem que ser feitas à questão burocrática. Mas de uma maneira amigável, se dispondo a colaborar, porque há muitas forças contrárias a esse projeto que já são bastante grandes. Não precisa ter fogo amigo, né?".
Para Oswald, a promessa do Governo Federal, de apoiar 20 mil Pontos de Cultura até 2010, faz jus à demanda em todo o País. "Com certeza 20 mil ações querendo ser Pontos de Cultura existem. Todo mundo busca entrar nessa teia, ser reconhecido, beneficiado pelo projeto. A capacidade de atuação do Ministério pode ser ampliada, e muito. Se chegar a uns 10 mil, já será um grande feito". (DM). FONTE: Diário do Nordeste ? CE