Marta Ferreira
Um grupo de cerca de 50 pessoas do assentamento rural Santa Mônica está na sede da Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) de Mato Grosso do Sul desde o início desta manhã pedindo explicações e providências quanto a três situações vividas pela comunidade. Uma delas, já denunciada pelo Campo Grande News diz respeito à implantação, pela empresa Hidrometal, do sistema de abastecimento de água, que não teria sido concretizado até hoje e ainda estaria provocando problemas, como o fato de parte das famílias estarem consumindo água contaminada.
Cada uma das 461 famílias do assentamento teve descontando do chamado crédito de fomento, de R$ 2,4 mil anuais, R$ 1,3 mil no ano passado, para a montagem do sistema. Segundo o presidente da associação que representa os assentados, Oséias Gomes do Nascimento, o advogado do grupo orientou a entrar na Justiça contra uma ação questionando o desconto do valor, uma vez que o crédito, como diz o nome, seria para fomento da atividade rural, e não para implantação de infra-estrutura. O contrato com a empresa também estaria vencido, desde o meio do ano. Ele foi intermediado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), que prometeu investigar as denúncias quando elas surgiram.
Em relação à água, os moradores afirmam que só metade das famílias tiveram o sistema instalado, e ainda assim de forma insatisfatória, uma vez que o motor que bombeia a água, que deveria ser movido a energia, é a diesel. Neste fim de semana, como relatou Maria José da Silva Capitulino, de 67 anos, a empresa responsável pelo sistema sugeriu aos moradores fazer uma cota de quatro reais por família, porque faltou combustível para o motor. Segundo ela, como há falta de água o asssentamento, o marido Pedro Capitulino, 70 anos, tem de vencer as dificuldades impostas pela idade e andar meio quilometro até um manancial de água, de onde volta carregando 36 litros de água nas costas. "Tem que fazer milagre, para beber, fazer comida e tomar banho com essa água", afirmou a assentada.
Sem dinheiro - Esse não é o único problema apontado. Conforme o presidente da associação dos assentados, este ano eles ainda não receberam o crédito de fomento, outro motivo pelo qual estão na Fetagri.
O terceiro motivo da vinda dos assentados é a informação recebida, segundo eles, em uma carta enviada a todas as famílias, relativa ao crédito para habitação, de R$ 6 mil, para a construção de casas na comunidade rural. O comunicado informaria que do valor R$ 700 serão destinados à Fetagri, a título de um mutirão que será realizado para implantação das casas. Hoje, a maioria vive em barracos e tem enfrentado dificuldades com as chuvas constantes.
Procurado, o presidente da Fetragri, Geraldo Teixeira, disse que primeiro conversaria com os assentados, para depois falar do assunto. FONTE: Campo Grande News ? MS