Documento elaborado pela Contag e pelo Dieese mostra que rendimento dos trabalhadores (as) na agropecuária avançou 5,5% e o desemprego entre mulheres do campo caiu ao menor nível desde 2015.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) lança, nesta sexta-feira (25), em conjunto com o Dieese, o Anuário Estatístico da Agricultura Familiar. O levantamento traz um retrato atualizado da situação econômica e social dos trabalhadores do campo, revelando, por exemplo, que o rendimento médio mensal de trabalhadores (as) ocupados na agropecuária avançou 5,5% no primeiro trimestre de 2025, na comparação com o mesmo período do ano passado. O documento também mostra que o desemprego entre as mulheres do campo atingiu o menor nível desde 2015. Clique aqui para acessar a íntegra do anuário.
Segundo o anuário, o salário de quem atua na agropecuária saiu de R$ 2.022 para R$ 2.133. A categoria considera os empregados nas atividades de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura. O avanço foi muito superior ao registrado no ano passado, quando a renda média havia crescido apenas 0,2% ante o primeiro trimestre de 2023.
As regiões que mais contribuíram para o aumento de 5,5% foram o Norte (+21%) e Sul (+9,7%). O ganho no Nordeste veio em terceiro lugar, com 7,5%, seguido do Sudeste, com 1,7%. Embora tenha sido a única região a registrar queda na renda (-7,9%), o Centro-Oeste ainda possui o maior valor médio do país, de R$ 3.492. Já o menor rendimento mensal continua sendo no Nordeste, de R$ 1.081.
“Esses dados reforçam que estamos no caminho certo, na luta pela dignidade no meio rural, que passa também pela geração de renda e desenvolvimento rural sustentável. O anuário vem sendo elaborado anualmente com o objetivo de mensurar os avanços e retrocessos, como também de direcionar a atuação na proposição, monitoramento e avaliação. A Contag vem pautando os entes federativos para rever e qualificar políticas públicas para os povos do campo, da floresta e das águas”, diz Vânia Marques Pinto, presidente da Contag.
Outro avanço demonstrado pelo anuário foi a queda, pelo terceiro ano consecutivo, da taxa de desemprego entre a população rural feminina de 14 anos ou mais, atingindo 7,6% em 2024. O levantamento também mostra que o percentual é o menor desde 2015.
O anuário também revela outros dados que ajudam a explicar esse cenário, além da própria aceleração da atividade econômica no campo. Segundo a pesquisa, o nível de instrução das mulheres acima de 15 anos que moram em zonas rurais avançou significativamente entre os anos de 2012 e 2024. O percentual das que possuem Ensino Superior triplicou, saindo de 2% para 6%. A fatia daquelas que concluíram o Ensino Médio também subiu significativamente, passando de 14% para 25% no período. Ao mesmo tempo, a população feminina rural sem instrução e com menos de um ano de estudo recuou de 14% para 10%, enquanto a parcela com Ensino Fundamental incompleto caiu de 50% para 38%.
“Ver a profissionalização da mão de obra da mulher do campo nos deixa muito felizes. Afinal, o Censo do Brasil mostra que elas são as principais chefes de família. A Contag tem trabalhado muito no sentido de levar a essas mulheres mais formação, qualificação, inserção e outras maneiras de avançarem nessa atuação no campo”, afirma Vânia.
PAA registra o maior número de agricultores desde 2016
Em 2024, o Brasil teve o maior número de agricultores e agricultoras beneficiadas no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) desde 2016. Os 82.573 cadastrados no ano passado representaram um aumento de 87,5% em relação a 2023. Segundo os técnicos responsáveis pelo anuário, esse salto se deve principalmente ao aumento dos recursos a ele destinados pelo governo ainda em 2023, quando o orçamento anual executado para o PAA atingiu o montante de R$ 1,1 bilhão, o maior desde 2015. Já em 2024, a execução orçamentária alcançou R$ 543,5 milhões, valor 70% superior à média registrada entre 2017 e 2021.
Lançado em 2003, oobjetivo do PAA é promover o acesso das pessoas à alimentação, principalmenteas mais vulneráveis, e incentivar a produção da Agricultura Familiar. Osalimentos comprados dos agricultores pelo Governo Federal têm destinaçõesdiversas, como, por exemplo, hospitais, creches, escolas públicas e asilos.
“O PAA havia sido abandonado pelo governo passado e existia uma demanda represada. Após a mobilização dos movimentos sociais e da Contag, que levou a importância do aumento no orçamento para a pauta do Grito da Terra Brasil, o governo atendeu o pleito. Esse programa é essencial, por levar em conta fatores como a produção de alimentos saudáveis, a comercialização da produção e, não menos importante, a geração de renda”, avalia Vânia.
Publicado desde 2022, o Anuário Estatístico da Agricultura Familiar traz um raio-x dos cerca de 26 milhões de brasileiros que moram na zona rural, revelando as causas e os efeitos de movimentos migratórios, de ascensão educacional e profissional e, ainda, os impactos sobre a renda. O documento mostra, ainda, os resultados de políticas públicas sobre a vida desses cidadãos e sobre as economias das áreas rurais. “São dados extremamente ricos, levantados de forma minuciosa pela Contag e pelo Dieese, que nos permitem ter um olhar mais apurado sobre as atividades do campo e, mais do que isso, sobre os trabalhadores que nele habitam, e buscam o bem viver”, resume Vânia.
Sobre a Contag
Fundada em 1963, a Contag tem, atualmente, 3.800 Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais e 27 Federações filiados. O sistema representa e luta pela garantia, manutenção e ampliação de direitos de mais de 15 milhões de trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares em todo o Brasil. Desde a sua fundação, a Contag reafirma o seu compromisso em continuar uma história de lutas, proposições e negociações de políticas públicas e em busca de mais conquistas para os trabalhadores e trabalhadoras do campo, da floresta e das águas.
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