O ano de 2014 foi declarado Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena (AIAF/CI) pela ONU a partir da luta de mais de 300 organizações sociais do campo de todo o mundo, entre elas a CONTAG, que realizou um grande ato pelo AIAF/CI durante a programação do 4º Encontro Nacional de Formação (ENAFOR), na noite desta quarta-feira (12), em Luziânia/GO.
O ato começou com muita emoção com a apresentação da família de agriartistas que são os protagonistas do vídeo Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena, a Família de João Batista, que vive e trabalha em Padre Bernardo, entorno do Distrito Federal. Nesta noite, a Praça do ENAFOR homenageou Benjamin Oliveira, senhor agricultor familiar que participa do vídeo.
Um dos principais momentos do evento foi o “Cinema na Praça” com o lançamento do vídeo, que traz imagens, depoimentos e destaca a importância da agricultura familiar para a garantia da soberania e segurança alimentar dos povos, bem como a sua importante contribuição econômica, social e ambiental para o País. Ao final do vídeo, os agricultores artistas foram homenageados pela diretoria da CONTAG e pela delegação internacional – representantes dos Comitês Nacionais do AIAF/CI, que prestigiaram o evento.
O vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Willian Clementino, também secretário de Formação da COPROFAM, iniciou o diálogo na Praça destacando a luta das organizações sociais do campo em defesa do AIAF/CI e do fortalecimento do setor. “Esse é o nosso ano, estamos todos os dias produzindo alimentos para todo o Brasil. Somos sujeitos que não só plantamos todos os dias, produzimos com amor”. O dirigente também ressaltou a diferença entre os modelos praticados pela agricultura familiar e o agronegócio. “Temos dois modelos, um é o agronegócio, que nunca deu conta de provar o seu papel social, econômico e político na sociedade. Eles dominam mais de 60% das nossas terras. E nós, com 24%, produzimos mais de 70% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros e brasileiras.”
Willian também citou os principais desafios da agricultura familiar, como a reforma agrária, o acesso ao crédito, a educação do campo, a saúde, entre outros. Além disso, convocou todos e todas que continuem com o debate do AIAF/CI. “É preciso que a gente saiba que 2014 acaba dia 31 de dezembro, mas o Ano Internacional não acaba. 2015 é o Ano Internacional dos Solos, vamos continuar com o debate do AIAF/CI também. Conto com vocês e a CONTAG conta com vocês para continuar divulgando esse vídeo e que, cada dia mais, a sociedade compreenda o papel da agricultura familiar. Viva 2014, viva o Ano Internacional da Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena!”
Em seguida, a secretária de Mulheres da CONTAG, Alessandra Lunas, também expressou o seu sentimento com o AIAF/CI. “Fico emocionada ao falar da estratégia do AIAF/CI nesse momento que temos aqui, representando essa luta, vários companheiros e companheiras da América Latina. O AIAF/CI representa a luta e a resistência conjunta dos agricultores e agricultoras familiares no mundo inteiro e o empoderamento desses sujeitos.”
A secretária nacional de Jovens da Presidência da República, Severine Macedo, representando o governo federal, ressaltou a importância do fortalecimento da agricultura familiar e das políticas públicas para a permanência da juventude no campo. “Na SNJ, elegemos como uma das prioridades de trabalho o combate à violência. No Brasil, as principais vítimas são jovens e negros. Boa parte da juventude rural quer continuar no campo, mas com qualidade de vida. Portanto, estamos lutando para que mais nenhum jovem saia do campo se esse não for o desejo dele.”
O ato na Praça Benjamin Oliveira também contou com falas de Gerardine Peres, que representou os Comitês Nacionais do Ano Internacional da Agricultura Familiar e do Diálogo Regional Rural, Tania Champell, coordenadora do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), e Marcelo Fragoso, da Secretaria de Desenvolvimento Territorial/MDA.
O presidente da CONTAG, Alberto Broch, encerrou o diálogo fazendo um agradecimento a toda diretoria da CONTAG e dos agricultores(as) familiares para a realização desse momento e do lançamento do vídeo. “Enquanto assistia ao vídeo e ouvia as falas, passou um filme na minha cabeça. Não foi fácil conquistar a declaração da ONU, foram cinco anos de luta. Agora, foi importante a postura do governo brasileiro, que se posicionou favorável junto a outros governos. No entanto, as perspectivas para o futuro não são boas com a estrangeirização da terra, com o agronegócio, entre outras questões. Não perde só a agricultura familiar, perde a cultura também, precisamos cultivar o fortalecimento da agricultura familiar para valorizar ainda mais o setor, as mulheres e jovens, e conquistar mais políticas públicas. Agricultura Familiar quem não vive dela, depende dela para viver!”
O ato foi finalizado com a entrega dos DVDs e com autógrafos da família de agriartistas.
FONTE: Imprensa CONTAG - Verônica Tozzi