A segunda reunião do ano do Conselho Deliberativo da CONTAG foi iniciada na manhã desta quarta-feira (25 de julho), no CESIR, em Brasília, com a presença da Diretoria Executiva da entidade e de representantes das Federações de Trabalhadores na Agricultura (FETAGs). Na abertura política, o presidente da CONTAG, Alberto Broch, saudou todos os membros do Conselho e fez uma síntese da pauta dos três dias de reunião. A programação do Conselho no primeiro dia conta com uma exposição do dirigente da União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação e Agricultura (UITA) Gerardo Iglesias; o planejamento e definições de estratégias para a Mobilização Nacional Unificada por Reforma Agrária, Terra, Território e Dignidade; a avaliação do Grito da Terra Brasil 2012 a partir de um balanço político e da resposta do governo às reivindicações da categoria; além do debate e votação do Regimento Interno do 11º Congresso Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (CNTTR). A análise de conjuntura teve como tema “A crise mundial, causas, conseqüências e os sindicatos” e a coordenação da mesa foi da vice-presidente e secretária de Relações Internacionais, Alessandra Lunas. Primeiramente, Gerardo Iglesias fez uma socialização das principais ações realizadas em parceria com as entidades filiadas em todo o mundo, como a Campanha Internacional de Combate à Violência no Campo feita em 2005 e 2006. No setor sucroalcooleiro, a UITA também denuncia a violação dos direitos humanos e trabalhistas praticados contra os trabalhadores(as). “Estamos atravessando um momento de grande crise mundial econômica, política, ambiental e social. Alguns países ainda sofrem com o autoritarismo, como no Paraguai e Honduras com os Golpes de Estado”. Para Iglesias, as crises capitalistas não ocorrem por falta de produtos e sim pela abundância, pois existe uma política especulativa na produção de alimentos em âmbito mundial. “A Colômbia está importando 12 bilhões de dólares de alimentos, sendo que antes era autossuficiente. No mundo, uma de cada sete pessoas, ou seja, 1 bilhão de pessoas passa fome”, alerta. O dirigente da UITA apresentou ainda alguns dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT): 215 milhões de crianças estão no mundo no trabalho infantil e cerca da metade está exposta a maus-tratos. No período da manhã, foi iniciado o debate sobre a Mobilização Nacional Unificada por: Reforma Agrária, Terra, Território e Dignidade, que acontecerá de 20 a 22 de agosto, em Brasília. Alberto Broch expôs a insatisfação do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) com o governo federal em não priorizar a reforma agrária. Nesse sentido, não está sendo feita atualização dos índices de produtividade rural, o licenciamento ambiental e a regularização fundiária. “Tem trabalhador(a) acampado(a) há mais de sete anos”, constata. Outro desafio apresentado pelo sindicalista é a questão da estrangeirização das terras no Brasil e a necessidade de ser aprovada uma legislação mais rigorosa para tratar do caso. No Uruguai, por exemplo, 25% das suas terras já pertencem a outras nações, na Argentina o índice já chega a 15%. Já o secretário de Política Agrária da CONTAG, Willian Clementino, fez um resgate do processo de diálogo entre as organizações sociais do campo, expôs os objetivos e temas do evento e as orientações estratégicas. “Queremos resgatar os momentos de unidade no campo e sua importância histórica, analisar a conjuntura agrária e ampliar o manifesto divulgado em fevereiro desse ano, e organizar uma plataforma comum e um plano de lutas”, informa Clementino. A reunião do Conselho acontece até a próxima sexta-feira (27 de julho). FONTE: Imprensa CONTAG - Verônica Tozzi