Gustavo Paul - O Globo; O Globo Online
BRASÍLIA - Entidades ambientalistas e de movimentos sociais prometem marcar com protestos o leilão da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, previsto para esta segunda-feira. Manifestantes de várias regiões se dirigiam à capital federal no domingo, onde está prevista uma manifestação a partir das 9h em frente à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Espera-se antes do leilão a decisão do juiz Naiber Pontes de Almeida, da 4ª Vara Federal, sobre o pedido de liminar para suspender o leilão, feito pela ONG Amigos da Terra -Amazônia Brasileira na sexta-feira. A Advocacia-Geral da União (AGU) manteve a força-tarefa preventiva com 71 advogados para garantir o leilão. E a ação deve permanecer após o resultado. A ONG Fórum Independente Popular do Madeira (FIP) promete continuar com os protestos.
- Não vamos reconhecer o resultado do leilão. Vamos demonstrar nossa insatisfação por meio da via judicial e com protestos em todo o país - $Luis Novoa, da FIP.
A licitação está prevista para 10h e vence quem oferecer a menor tarifa pela energia, cujo preço máximo é de R$ 122, o megawatt. O investimento deve ser de R$ 9,5 bilhões e a obra é essencial para o governo para garantir o abastecimento a partir de 2012. No domingo, cerca de 15 agentes da Polícia Federal fizeram uma varredura na Aneel para buscar escutas e conferir a segurança das instalações. As salas onde ficarão integrantes dos três consórcios foram lacradas e serão abertas pela manhã.
Energia 'ecológica' será mais cara
Quatro anos depois de lançar o projeto de duas grandes usinas no Rio Madeira, em Rondônia, o governo vai finalmente começar a transformação desse sonho em eletricidade. A partir de agora, usinas "ecologicamente mais corretas", sem os grandes lagos que inundam milhares de quilômetros de fauna e flora, serão prioridade, segundo especialistas. A razão é simples: elas terão de se instalar na Região Amazônica, a última fronteira hidrelétrica do país. Dessa forma, o Complexo do Madeira constitui-se, também, em um grande teste.
Essa nova fronteira, porém, mudará o perfil de preço da energia hidrelétrica, usualmente mais barata do que as demais. A energia amazônica será necessariamente mais cara. Primeiro porque as usinas são distantes das grandes cidades e indústrias da região Centro-Sul. Outra razão é que, como não contam com as grandes áreas inundadas, não têm como garantir o fluxo de água nas turbinas em época de seca.
- Os projetos na Amazônia terão de seguir uma lógica diferente. Haverá diminuição da energia potencial das usinas, pois os rios têm períodos mais cheios e outros mais vazios. Além disso, o custo da transmissão será mais elevado - explicou o professor Ivan Camargo, do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília. FONTE: Globo Online ? RJ