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Amazônia escolhe 2008 para homenagear Chico Mendes
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17 de Fevereiro de 2008

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CHICO ARAÚJO

chicoaraujo@agenciaamazonia.com.br

BRASÍLIA - Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, foi morto no dia 22 de dezembro de 1988. Para lembrar os 20 anos de seu assassinato, o governador do Acre, Binho Marques (PT), estabelece que 2008 será o Ano Chico Mendes. A medida tem movimentado as entidades ligadas diretamente ao nome do sindicalista.

O Comitê Chico Mendes, por exemplo, é encarregado pela articulação de várias entidades de defesa de direitos humanos e do meio ambiente. E já programou diversas atividades para este ano, a fim de reverenciar a memória do líder sindical. Os advogados Gumercindo Rodrigues e Raimunda Bezerra, além da historiadora Júlia Feitoza, cuidam dos preparativos.

Palestras para professores com o objetivo de divulgar a história e o legado de Chico Mendes nas escolas e distribuição de mudas de plantas nativas da Amazônia à comunidade local são algumas das atividades que já estão sendo realizadas. Mas, segundo o Comitê, a grande realização, do ponto de vista jurídico, será a digitalização, organização e publicação do processo que condenou o assassino e mandante da morte de Chico Mendes.

O fazendeiro Darli Alves da Silva e seu filho, Darci Alves Pereira, foram condenados a 19 anos de prisão, em 1990, como mandante e autor do assassinato do líder seringueiro. Passados 15 anos, Darli ainda nega sua participação no caso. "Eu paguei pelo que não devo", disse ele, em 2003, em entrevista à Agência Brasil. Mas a realidade é bem diferente. A impressão digital de Darli e seu filho é visível no processo.

Publicado em formato didático, o processo poderá ser usado como referência nos cursos de Direito. À época do julgamento, o advogado Márcio Tomaz Bastos atuou na acusação. Bastos é ex-ministro da Justiça.

Outras atividades do Ano Chico Mendes ficarão sob a responsabilidade da Fundação Chico Mendes. A entidade é sediada em Xapuri (AC), onde Chico Mendes foi morto a tiros no quintal da sua casa. Sua presidente atual é Elenira Mendes, 23, filha do sindicalista. Quando ele morreu, Elenira tinha apenas quatro anos de idade. Sandino, à época do 2 anos, é outro filho do líder sindical com Ilzamar Gadelha Mendes, a viúva de Chico Mendes.

Elenira trabalhar para levar ao Acre o grupo musical mexicano Maná. À época do assassinato, o Maná compôs a música Quando los angeles lloran, um tributo à memória do defensor da floresta.

Amazônia arde em chamas

Quando foi morto, Chico Mendes lutava contra a destruição da Amazônia, em particular as queimadas. Vinte anos depois, pouco ou quase nada mudou. A Amazônia continuou a perder, todo ano, cerca de 20 mil quilômetros quadrados de floresta. Só nos últimos quatro meses de 2007 foram mais de 7 mil, segundo dados divulgados no final do mês passado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Chico também foi morto por causa de uma reforma agrária justiça. Na época, em 1988, diversos proprietários rurais, inconformados com a possibilidade de uma reforma agrária e a criação de reservas extrativistas, organizaram no estado a União Democrática Ruralista (UDR).

Chico lutava por uma vida digna no campo e nos seringais, no entanto, passadas quase duas décadas de sua morte, o sonho não se concretizou: a miséria campeia na Amazônia, em cujas fazendas ainda existe trabalho escravo e líderes sindicais e religiosos são mortos em tocaias.

A própria família dele continua vítima de uma situação inadmissível, se forem considerados os feitos de Chico e a repercussão mundial obtida na época pelos empates de derrubadas promovidos pelos seringueiros liderados por ele. Até hoje, a viúva llzamar Gadelha Mendes e os filhos do casal, Elenira e Sandino, lutam para conseguir uma pensão do INSS. A causa vem sendo defendida pelo advogado Pedro Paulo Castelo Branco, em Brasília.

Mesmo assim, a voz de Chico Mendes continua a ecoar: "A Amazônia está ocupada. Em todos os cantos, há populações indígenas, há pessoas que trabalham, que colhem o látex e, ao mesmo tempo, lutam pela conservação da natureza. Enquanto houver indígenas e seringueiros na Floresta Amazônica, há esperança de salvá-la". FONTE: Agência Amazônia



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