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ALIMENTOS PRESSIONAM, E FIPE PR
Alimentos pressionam, e Fipe prevê inflação maior
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07 de Maio de 2008

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O consumidor pode preparar o bolso para os próximos meses. A inflação, que parecia domada, está em processo de aceleração. As maiores pressões virão de alimentos, preços administrados, remédios e do repasse do aumento do óleo diesel para os transportes coletivos.

A alta da inflação no Brasil não deixa de ser, em parte, reflexo da elevação dos preços pelo mundo. É o que ocorre com trigo, arroz e petróleo. Parte dessa pressão, no entanto, vem de fatores internos, como maior consumo ou redução de oferta.

Essas pressões fizeram a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) rever a projeção de inflação deste ano para 4,5% -a previsão anterior era de 4,1%. Essa, no entanto, é uma taxa otimista, admite Marcio Nakane, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor). Ele prevê elevação de 9% para os alimentos, mas não descarta taxa maior.

Se os alimentos simplesmente seguirem a tendência atual de aumento acumulado em 12 meses, que é de 12%, a taxa de inflação supera os 5% neste ano na cidade de São Paulo.

Por motivos internos ou reflexos da forte aceleração das commodities no mercado externo, os alimentos já vêm chegando cada vez mais caros à mesa dos consumidores.

Nos últimos 12 meses até abril, a Fipe registrou altas de 38,5% no leite em pó, de 26,9% no pão francês, de 21,3% no macarrão, de 27,1% na farinha de trigo, de 62,8% no óleo de soja, de 20,6% nas carnes bovinas e de 22,7% no leite tipo B. A inflação do período foi de 4,51%.

Os cereais também entram nessa lista. O feijão, após pressão acumulada de 143% nos últimos 12 meses, já mostra tendência de queda. O arroz, no entanto, sobe no campo, mesmo em plena safra.

A alta do arroz é reflexo da forte elevação dos preços no mercado externo. Bom para o produtor, que vinha perdendo renda nos últimos anos, mas ruim para o consumidor, que pagará mais pelo produto.A pressão do arroz ainda não apareceu na inflação da Fipe, o que deve ocorrer nas próximas semanas. Do início de janeiro até esta semana, o produto teve aumento de 54% no campo. Os consumidores devem receber nas próximas semanas também a pressão das carnes. A arroba do boi teve aumento de 15% no pasto neste ano. O frango, após despencar, teve recuperação de 36% nos últimos 40 dias (ave viva). Já a carne suína está em queda.

No mês passado, a inflação em São Paulo foi de 0,54%, taxa acima da prevista pelo mercado (0,45%). Já neste mês, a inflação deve ficar em 0,58%, segundo previsão da Fipe.

Monitorados

Nakane diz que a inflação terá um componente novo neste ano: os reajustes dos chamados preços monitorados. Após período de pouca pressão, devido à baixa variação dos IGPs (Índice Geral de Preços do Mercado e de Disponibilidade Interna), neste ano os preços administrados vão refletir as taxas mais elevadas desses índices.

Calculados pela FGV (Fundação Getulio Vargas), os índices servem para reajustes de muitos contratos que dependem de aprovação de agências reguladoras, como os de energia elétrica.

O processo acelerado da inflação não deve se restringir apenas a este semestre, mas segue pelo próximo. Nakane prevê pressão de custos tanto para os alimentos como para os produtos industriais.

Os produtores agrícolas estão semeando a safra de inverno com forte pressão dos custos, principalmente dos fertilizantes, o que deve encarecer ainda mais os alimentos. Essa alta é repassada também para o setor de carnes, que utiliza os grãos na produção, principalmente milho e soja.

As indústrias também não ficarão imunes à elevação de custos, diz Nakane. Os reajustes de aço, plásticos e diesel vão forçar o aumento nos preços finais para os consumidores.

O economista da Fipe diz que a demanda está aquecida, mas que ainda não há um reflexo sobre os preços. Parte dessa pressão da demanda é eliminada pelas importações.

Sobre a política do Banco Central, de elevar os juros para segurar os preços -na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em abril, a taxa de juros subiu 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano-, Nakane diz que o efeito dessas medidas só vai aparecer na taxa de inflação de 2009. FONTE: Folha de São Paulo - 07/05/2008



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