Sendo o 8 de março uma das datas mais importantes no calendário de lutas dos movimentos de mulheres, no Brasil e no mundo, é fundamental fortalecer e visibilizar as lutas coletivas em defesa da vida das mulheres, dos seus direitos e territórios. Como em todos os anos, serão realizadas muitas ações nos municípios, polos/regionais e estados.
O lema deste ano é Alimentar a Luta, florescer a democracia sem as mulheres a luta vai pela metade.
Segundo a secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora da Marcha das Margaridas, Mazé Morais, o lema buscou articular o eixo político da Marcha das Margaridas Democracia com igualdade e fortalecimento da participação política das mulheres, considerando os processos eleitorais de 2022 e os desafios enfrentados pelo MSTTR para implementar a paridade entre homens e mulheres nos cargos de direção das instâncias sindicais, algo que levanta reflexões sobre o processo de construção e fortalecimento da nossa democracia participativa, desde os espaços onde se faz a política sindical.
Os verbos alimentar e florescer dão sentido à luta e à democracia e remete a contextos onde o cotidiano das mulheres agricultoras se insere. Responsáveis pela produção de alimentos saudáveis, pela comida de verdade que alimenta as suas famílias e comunidades, e garante a segurança alimentar, essas mulheres precisam também alimentar a luta para garantir a sustentabilidade da vida, explicou Mazé.
Nesse cenário de extrema desigualdade social e econômica, agravada pela crise sanitária da Covid-19, o Brasil vê a fome atingir sua população. Só na área rural são quase 3 milhões de pessoas afetadas. E fome tem cor e é territorializada. Ela é mais dura no meio rural e nas periferias das cidades. A insegurança alimentar grave é ainda maior em domicílios chefiados por mulheres negras e na região Nordeste. Isso ameaça um dos direitos humanos fundamentais: o direito a uma alimentação saudável. E nós sabemos que não tem como combater a fome sem fortalecer a agricultura familiar, porque é a agricultura familiar quem produz alimentos e as mulheres têm relevante importância na produção de alimentos com base na agroecologia, destacou Mazé.
A dirigente ressaltou, ainda, que a sustentabilidade da vida só será possível numa sociedade verdadeiramente democrática, enraizada em princípios feministas. Um feminismo anticapitalista, antirracista e antipatriarcal, que reflita cada uma de nossas realidades. Por isso, as Margaridas na luta farão florescer a democracia, hoje ameaçada, defendeu Mazé.
Assim, o lema deste ano buscou articular as palavras de nosso cotidiano na luta e na resistência, afirmando a importância da participação das mulheres e das suas pautas nos processos eleitorais, mas também no MSTTR.
Neste ano de 2022, a CONTAG irá realizar o Seminário Paridade: Princípio de igualdade e os desafios para sua implementação, ação integrada às ações do 8 de Março. O evento acontecerá nos dias 15 e 16 de março, no CESIR/CONTAG, em Brasília, em formato presencial, com a participação das(os) presidentas(es) das Federações, secretárias de Mulheres e/ou secretários de Finanças.
Entre os seus objetivos, estão: (i) debater a participação das mulheres na vida política e a importância da sua representatividade para o fortalecimento da democracia participativa; (ii) refletir sobre a importância do trabalho produtivo das mulheres na agricultura familiar, e a relação entre a invisibilidade desse trabalho e o trabalho político que elas desenvolvem no MSTTR; (iii) discutir sobre a importância da paridade para a construção da igualdade entre homens e mulheres e para o avanço da democracia interna do MSTTR, visando o fortalecimento da organização sindical; (iv) promover diálogo sobre os desafios da implementação da paridade no MSTTR. FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi