SAFRAS (18) - Com o término das férias coletivas, o mercado interno de algodão em pluma voltou a apresentar uma maior movimentação no decorrer de janeiro. Indústrias têxteis e comerciantes estiveram mais ativos, a fim de refazerem seus estoques, enquanto produtores mantiveram a postura firme, restringindo a oferta para pronta-entrega.
O resultado: alta de preço. A avaliação faz parte do boletim Agromensal, do Cepea. Em janeiro, o Indicador CEPEA/ESALQ - 8 dias para pagamento - teve aumento de 9,61%. A média foi de R$ 1,3759/lp, 8,88% maior que a de dezembro/07 (R$ 1,2637/lp), mas abaixo da de jan/07, em termos reais.
Indústrias dos principais centros consumidores do País - Sul, Sudeste e Nordeste - retornaram às compras da pluma para entregas imediatas. Algumas adquiriram volumes mais expressivos, mas a maioria esteve ativa para quantidades médias - de 135 até 540 toneladas. As consumidoras dos tipos finos - 31-4 para melhor - chegaram a pagar preços baseados no Indicador Cepea acrescidos de até 400 pontos, na base 41-4. Algumas unidades alegaram pouca oferta da pluma que atendesse a todos os critérios de qualidade exigidos - tipo, fibra, resistência.
A partir da segunda quinzena de janeiro, diante dos altos patamares de preços, o comportamento de compradores esteve relacionado à proximidade do preço doméstico à paridade de importação calculada com base no Cot A. Entretanto, a paridade CIF São Paulo ficou acima de R$ 1,45/lp, mantendo a vantagem às compras internas. Aqueles compradores que se encontravam suficientemente abastecidos, porém, preferiram se afastar do mercado, negociando apenas pequenos volumes, a maiores prazos de pagamento em parte dos casos. Comerciantes estiveram presentes nas compras da pluma a fim de refazer estoques para cumprimento de contratos antecipados frente às indústrias. Para negociações "casadas" - compra e venda imediata -, estiveram ativos e firmes quanto aos preços de venda, influenciados pela postura dos produtores no momento da compra.
Do lado da oferta, poucos cotonicultores disponibilizaram lotes que envolviam quantidades mais expressivas. A maioria entrou no mercado ofertando lotes menores, os chamados "picados". A retração vendedora esteve atrelada à expectativa de novas valorizações. Além disso, continuarem cumprindo contratos de exportação, tornando-se capitalizados, sem urgência da caixa.
Segundo registros da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), a oferta interna de pluma está justa. Até o final de janeiro, 84% da safra brasileira 2006/07 (estimada em 1,5 milhão de toneladas) já havia sido negociada. Desse percentual, 49% devem ser destinados ao mercado externo (624 mil toneladas) e 51%, ao interno (657 mil toneladas). Quanto à demanda, espera-se que a mesma ultrapasse um milhão de toneladas. Com base nesses dados, faltariam 350 mil toneladas para atender a demanda doméstica. No entanto, restam pouco mais de 243 mil toneladas sem registros efetuados, o que deverá ser suprido pelas importações.
Entre janeiro e dezembro de 2007, as compras brasileiras de algodão em pluma somaram 96,8 mil toneladas, superando em 18,6% o volume importado no mesmo período do ano anterior. Para 2008, a estimativa da Conab é que o Brasil importe 60 mil toneladas. Segundo a Secex, o valor médio diário com as importações nas primeiras quatro semanas de janeiro superaram em 28,2% o de dezembro/07 e em 22,8% o de janeiro/07.
Quanto às exportações, em 2007, os embarques brasileiros da pluma totalizaram 419,4 mil toneladas para 39 diferentes países. Houve uma concentração para a Indonésia, Paquistão e Coréia do Sul, que juntos adquiriram 52% das exportações da pluma brasileira. Para outros sete países (Japão, China, Argentina, Taiwan, Tailândia, Coréia do Norte e Turquia), o volume de vendas representou 89% do total. Chama a atenção o aumento das vendas em 2007 para os três principais países, cujo volume médio foi 55% superior ao de 2006.
Para próxima safra 2007/08, as vendas antecipadas representam bom volume, sendo a exportação o principal destino. A demanda externa continua aquecida, não apenas por parte dos clientes tradicionais do Brasil, mas também de novos mercados.
No mercado de manufaturados, os preços chegaram a subir para algumas titulações de fios, influenciados pelo aumento da pluma. Em geral, contudo, compradores (malharias e tecelagens) ainda resistiram em absorver as altas.
Algumas vendas ainda se referiram à produção da estação verão, em que são utilizados os fios mais finos - 30/1 cardado ou penteado. A tendência para fevereiro, porém, é de maior procura por titulações de fios mais grossos - 8/1 (open-end) até 16/1 (cardado) - para as estações outono/inverno.
As atenções do setor têxtil também estiveram voltadas ao crescimento das importações de produtos manufaturados. Em 2007, a cadeia têxtil brasileira apresentou déficit em todos os meses, acumulando US$ 643,3 milhões entre janeiro e dezembro, expressivamente maior que os US$ 40,83 milhões observados em 2006.
Os maiores déficits ocorreram nos setores de filamentos, fios e de tecidos. Já os setores de fibras têxteis e de confecções tiveram superávits no acumulado do ano.
No mercado internacional, o índice Cot A teve alta de 1,65% em janeiro. A média mensal foi de US$ 0,7433/lp, 5,4% maior que a de dezembro/07 (US$ 0,7052/p). O contrato Março/08 da ICE Futures U.S. caiu 0,32%. A média mensal foi de US$ 0,6920/lp, 5,64% maior que a de dezembro/07 (US$ 0,6551/lp).
A paridade de exportação, calculada pelo Cepea (FOB Paranaguá) com base no Cot A, acumulou alta de 0,8% em janeiro. A média mensal foi de R$ 1,0770/lp, 5,38% maior que a de dez/07 (R$ 1,0220/lp).