GEOVANA PAGEL
Da AGÊNCIA MEIOS
SÃO PAULO - A idéia de criar um mestrado em agroenergia, o primeiro do mundo, avançou em novembro de 2006 com a criação do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), sob a coordenação do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. Em março de 2007 a proposta foi encaminhada ao Ministério da Educação (MEC) e a aprovação foi recebida em setembro. O curso terá início em janeiro de 2008 e as matrículas já estão abertas.
De acordo com Roberto Rodrigues, a importância da iniciativa pode ser avaliada pela realidade atual do setor de agroenergia no Brasil e no mundo. Hoje existem cerca de 350 usinas de açúcar e álcool no país, e estão sendo criadas cerca de 60 novas unidades. Na área do biodiesel, há também um número grande de empreendimentos sendo preparados para implantação.
"Esses números tendem a aumentar dramaticamente se alguns pontos forem definidos, especialmente no tocante à certificação internacional do etanol de cana-de-açúcar", observa. "Em nossas visitas às empresas do setor, os seus dirigentes se queixam da falta de profissionais preparados para gerir os empreendimentos", conta Rodrigues.
O Brasil tem se destacado na área de energia renovável e tem sido protagonista nas discussões internacionais sobre biocombustíveis, mas outros países também estão atentos a capacidade do combustível verde. "No plano internacional, há hoje uma forte demanda apresentada à FGV para a criação de cursos semelhantes que possam atender a profissionais de outros países, especialmente da América Central", afirma.
No futuro, Rodrigues acredita que haverá dois tipos de necessidades. A primeira será a formação de profissionais que possam atender a procura originada nas iniciativas de novas empresas produtoras de etanol na América Central e em outras regiões, o que, provavelmente, irá gerar a criação de cursos menores, com redução do foco para os temas mais específicos do que um mestrado. Já a segunda necessidade será a formação de futuros professores em outros países.
"Nesse último caso, seria necessário desenvolver um curso de mestrado adaptado à realidade dos participantes estrangeiros. Se for um curso no Brasil, não poderá ser do estilo "profissionalizante", desenhado para quem pretende seguir o curso sem deixar de trabalhar, ao contrário, deverá ser em tempo integral", avalia.
Parceria
O curso é da Escola de Economia da FGV de São Paulo em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq). Segundo Roberto Rodrigues, a FGV se destaca nas áreas de economia, direito e administração e suas parceiras foram escolhidas por serem duas das mais importantes instituições de pesquisa do país na área de agricultura tropical, agroindústria e tecnologia.
De acordo com o diretor da Esalq, Antonio Roque Dechen, o desenvolvimento de tecnologias que permitam ao Brasil aproveitar recursos naturais abundantes para aumentar a produtividade no campo da bioenergia se faz premente diante do período pelo qual o país passa, a era dos combustíveis verdes. "A escola sempre esteve sintonizada com as fases desenvolvimentistas do setor. No momento, a instituição integra o já consagrado tour do etanol, onde se somam entidades de tecnologia, de agricultura, de produção de equipamentos e de pesquisas científicas", destaca Dechen.
Na prática, a parceria funcionará da seguinte forma: a FGV ficará responsável pelas disciplinas na área de ?Gestão Econômica e Financeira da Agroenergia, a Esalq cuidará da área de "Tecnologia de Produção Agrícola e Mercado", já a Embrapa se encarregará da área "Princípios, Ferramentas e Processos de Agroenergia". As aulas ocorrerão nas três entidades. Segundo Rodrigues, o curso conta com um corpo docente de alto nível, todos com doutorado e PhD das três entidades.
O curso
O curso é dirigido para profissionais da área, como engenheiros agrônomos, administradores, economistas que estão buscando aprofundamento teórico e crescimento profissional. "É dirigido para pessoas que buscam mais densidade teórica, mas que não irá deixar de trabalhar", afirma Rodrigues.
O mestrado é do tipo profissional, mas é um curso stricto sensu, o que implica uma carga forte de pesquisa que irá acompanhar a elaboração da dissertação individual, mas aplicado à realidade estudada. Após as disciplinas obrigatórias, o aluno deverá selecionar as disciplinas eletivas e, ao final, apresentar sua dissertação.
O processo de seleção tem três fases: análise de currículo analise do projeto de dissertação e as entrevistas. Todos os candidatos deverão ter curso superior completo. As inscrições para a turma que inicia suas aulas em janeiro de 2008 se encerram dia 30 de novembro de 2007 e podem ser feitas somente pela internet. Mestrado em agroenergia Informações e inscrições
Site: www.eesp.fgv.br
Telefone: +55 (11) 3281.3350
E-mail: economia@fgvsp.br FONTE: Agência Amazônia ? DF