Atualmente, a agricultura familiar nos países do Mercosul Ampliado é responsável por 73% dos postos de trabalho no campo e chega a produzir 68% dos alimentos para consumo interno e externo. No Brasil, por exemplo, 67% do feijão, 84% da mandioca e 52% do leite são produzidos por agricultores familiares. Esses dados fazem parte de estudo apresentado pela ONG inglesa ActionAid nesta segunda-feira (15), durante a Conferência Internacional sobre Soberania e Segurança Alimentar no Mercosul, realizada em Salvador (BA).
"A agricultura familiar indígena e campesina produz mais renda por hectare do que a patronal. Enquanto a agricultura familiar chega a produzir R$104/hectare por ano, a agricultura patronal produz apenas R$ 44/hectare anualmente", explica o coordenador do Programa de Segurança Alimentar da ActionAid no Brasil, Celso Marcatto.
O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Bahia (Fetag/BA), José Antônio da Silva, diz que o lançamento da campanha de combate à fome no âmbito do Mercosul é fundamental porque mostra a importância da agricultura familiar na contribuição do desenvolvimento rural e da soberania alimentar. "Nós precisamos resolver esse problema da fome e oferecer à população uma alimentação de qualidade e nutricional".
O vice-presidente da Contag e secretário-executivo da Coprofam, Alberto Broch, reitera a iniciativa da Coprofam em parceria com a ActionAid em lançar essa campanha. "Estamos promovendo um debate de alto nível sobre essa questão da segurança e soberania alimentar por meio desse seminário".
Na opinião do representante da Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Reprib) e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos (Dieese), Adhemar Mineiro, a articulação das entidades do movimento sindical em prol da campanha é muito importante. "Essa campanha de sensibilização coloca às representações dos governos dos países do Mercosul novas perspectivas de desenvolvimento da agricultura familiar camponesa, que é a grande produtora de alimentos e é quem atende às demandas urbanas", explica. FONTE: Andréa Póvoas, Agência Contag de Notícias