Um dos pilares fundamentais na construção do desenvolvimento rural sustentável e solidário, a agricultura familiar garante a soberania e segurança alimentar e consolida no seu entorno processos locais de desenvolvimento proporcionando a permanência das pessoas no campo, produzindo dinâmicas sociais, culturais, produtivas e políticas. Com o intuito de lutar para garantir que o Estado reconheça o papel estratégico da agricultura familiar no contexto econômico e social, os delegados e delegadas do 11º Congresso Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais discutirão o tema nesta quarta-feira (6 de março). Na concepção do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR), é papel do governo fortalecer, aprimorar e implantar novas políticas públicas que assegurem a organização social e econômica e a multifuncionalidade das unidades produtivas, garantido assim a estrutura da produção, beneficiamento e acesso aos mercados e ao comércio justo e solidário. Neste contexto, o debate no 11º CNTTR deverá potencializar a relação direta entre os agricultores(as) e os consumidores. Afinal, muitos desconhecem como os alimentos são produzidos e é importante fortalecer a integração entre o campo e a cidade. Também serão discutidos os incentivos necessários para a permanência dos jovens no meio rural, com recursos para aquisição de terras e estruturação de políticas públicas específicas. Para a secretária de Meio Ambiente da CONTAG, Rosicléia Santos Azevedo, este é um debate muito importante nos dias atuais, pois não dá para falar na agricultura familiar sem debater a questão ambiental. “Essa temática tem despertado interesses, tanto na base com os agricultores(as) como no topo do MSTTR. A agricultura familiar passa por um momento de transformação que precisa ter uma relação mais intensa com a questão ambiental e nós percebemos que os agricultores querem discutir o tema”, esclarece Rosy. Ela lembra ainda que existem vários desafios nessa área, principalmente relacionados a uma agricultura mais sustentável e às mudanças climáticas que passam por um viés da adaptação. “Hoje não dá para falarmos em agricultura familiar desconectada das mudanças climáticas, pois, a cada dia que passa, tanto a seca como as enchentes acontecem em uma proporção maior. Precisamos ter uma política voltada a essa realidade e trabalhar para a adaptação na agricultura familiar porque é um assunto recorrente. Se não tivermos de fato uma clareza desta adaptação e trabalharmos a agricultura de acordo com a realidade, com certeza não teremos o sucesso que poderíamos ter”, declara Rosicléia. Para o atual secretário de Política Agrícola e candidato a secretário do Meio Ambiente da CONTAG na gestão 2013-2017, Antoninho Rovaris, essa discussão sobre a agricultura familiar aliada ao meio ambiente vem em busca de ter-se na prática, além dos avanços já conquistados, um debate mais forte sobre o Código Florestal. “Ele foi aprovado e precisamos ter estratégias de implementação e, principalmente, uma ampla discussão de como se fazer agricultura familiar no Brasil de maneira ainda mais sustentável, com produtos mais saudáveis para alimentarmos o País. Queremos ter a capacidade de ser o maior celeiro do mundo e, ao mesmo tempo, ter um desenvolvimento sustentável alcançando a lógica da equação perfeita da produção de alimentos aliada à preservação ambiental”, declara Rovaris. Desta forma, Antoninho Rovaris afirma que a expectativa com o debate é que seja definido um norte para que, a partir do próximo mandato, a diretoria da CONTAG possa conquistar ainda mais políticas, não só de proteção à agricultura familiar e ao meio ambiente, mas principalmente a implantação do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, como forma de alcançar a sustentabilidade necessária para o segmento no País, com a melhoria da qualidade de vida e trabalho dos agricultores(as) e a produção de alimentos saudáveis para toda a população brasileira. FONTE: Imprensa CONTAG - Graziella Itamaro