SAFRAS (05) - A análise do convênio entre a Ascar-Emater e a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul e os reflexos das 400 demissões de funcionários, ocorridas há dois meses, foram os temas de audiência pública da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, realizada na manhã da última quinta-feira (01). "Vamos encaminhar um trabalho da Comissão com a Frente Parlamentar que trata da extensão rural para que, com o governo federal e a bancada federal gaúcha, consigamos mais recursos para a Agricultura", resumiu o presidente da Comissão, deputado Adolfo Brito (PP).
"Também queremos informações sobre o prazo de elaboração do concurso para novos colaboradores da Emater". A reunião aconteceu na Sala José Antônio Lutzenberger, da Assembléia Legislativa. "Que bom que o concurso público sairá e que, conforme o compromisso assumido aqui, os programas que não estão no convênio serão realizados", avaliou o deputado proponente da reunião, Edson Brum (PMDB), ao final dos trabalhos. "Preocupo-me com a extensão rural e não concordo com a maneira como foram feitas as demissões. Hoje foi confirmado que temos 154 técnicos a menos e que a receita por parte das prefeituras diminui", completou. Pelo convênio, o repasse mensal do Executivo para a Emater foi reduzido de R$ 9 milhões para R$ 7 milhões. O diretor técnico da Emater, Paulo Silva, falou que, para a reorganização do convênio, foi formado um grupo de trabalho. O gerente de planejamento da empresa, Marcos Nilton, descreveu o processo. "Pelas novas legislações vigentes, alguns itens deveriam ser inseridos no convênio", afirmou Nilton. "O número de famílias atendidas é acompanhado por um cadastro informatizado", informou. "Temos um cadastro com 187 mil famílias rurais com informações que facilitam a extensão rural no Rio Grande do Sul", completou Silva. O deputado Giovani Cherini (PDT) questionou por que o convênio não passou pela Assembléia Legislativa, quis saber qual é o plano de trabalho da empresa e quem irá pagar a dívida da Emater. "Na minha opinião não foram cortados custos, mas investimentos", afirmou o deputado Heitor Schuch (PSB). "Os demitidos estão fazendo falta". Para o deputado Elvino Bohn Gass (PT), a meta do governo estadual é cortar despesas. "O que restou para a Emater? Demissões!", disse. "Minha preocupação é que, em nome da metodologia adotada no Estado, esvaziemos o trabalho realizado há mais de vinte anos pela empresa". O deputado Aloísio Classmann (PTB) lembrou as dificuldades financeiras enfrentadas pelo governo. E registrou: "Não tenho notícias de que a qualidade do atendimento da Emater tenha caído em função das novas ações implementadas". O representante do Sindicato dos Técnicos Agrícolas, Carlos Coelho, lamentou a ausência da Secretaria da Agricultura no debate. Já a diretora da Associação dos Servidores da Ascar-Emater, Rejane Maria Flores, retomou a questão da necessidade de a remessa de valores para a empresa ser reduzida.
"Isso passa para a sociedade que a Emater estava com problemas de administração", ressalta. "A questão técnica do convênio está colocada, o que nos preocupa é o dia a dia. Olhar para frente significa levar em conta as 400 demissões". Jorge Luiz Moura, do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge), disse que gostaria de ter uma confirmação em relação à qualidade do serviço prestado. "As demissões desqualificaram o serviço por seu grande número e por terem incluídos profissionais de grande capacidade", deixou claro. "O Tribunal de Contas do Estado diz que a Emater presta serviço público". Moura afirmou que só nos escritórios municipais foram demitidos 40 engenheiros agrônomos.
"Entendemos que o convênio seja uma questão de gestão", afirmou o vice-presidente da Farsul, Fernando Adauto. "Reconheço o trabalho da Emater, mas discuto o foco da empresa, que hoje é concentrado em uma agricultura utópica familiar, criando uma concorrência desleal com a outra agroindústria fundamental para nós".
A deputada Zilá Breitenbach (PSDB) salientou que a discussão do convênio é um avanço. "Sabemos que a agricultura em nosso país sempre teve recursos pequenos", lembrou a parlamentar. "A Emater mudou em sua responsabilidade no decorrer dos anos. No início, era a única. Hoje, sabemos que existem inúmeras formas de os municípios terem assistência técnica". André Raupp, representante da Fetag, ressaltou o reconhecimento do papel estratégico da Emater. "Percebemos uma série de demandas ainda reprimidas no meio rural e, por isso, também nos preocupa o corte de recursos". Também participam da reunião os deputados Jerônimo Goergen (PP), Paulo Azeredo (PDT) e Rossano Gonçalves (PDT). Com informações da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. (AB) FONTE: Último Segundo