Agricultores familiares avisam que, sem investir em tecnologias e sem apoio à comercialização, vai ser difícil aumentar a produção de alimentos para abastecer o mercado interno.
Atentos às especulações internacionais em torno de uma crise alimentar, os agricultores familiares acreditam que a atividade vive um momento de valorização. Embora otimistas com as expectativas, eles alertam que são grandes os desafios a superar.
Os agricultores familiares garantem que podem aumentar a produção nos próximos anos, mas, para isso, tentam conseguir junto ao governo recursos para investirem em tecnologias, apoio à comercialização dos produtos e mais assistência técnica.
A coordenadora-geral da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), Elisângela Araújo, diz que mesmo vivendo um momento favorável, o produtor ainda ganha pouco com os alimentos. Quem lucra são os intermediários.
- Porque como ele não tem as condições ideais de uma boa assistência técnica para ir fazer a produção de qualidade, ele também não tem as condições para agregação de valor de industrialização primária de seus produtos; e também por parte de não ter uma política de preços mínimos - afirma.
O diretor de Geração de Renda e Agregação de Valor do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Arnoldo de Campos, garante que as reivindicações vão ser contempladas no Plano Safra a ser anunciado ainda este mês. Ele adianta que os produtores familiares vão ser beneficiados com um programa de Seguro de Preços, aos moldes do que já existe para custeio.
- É uma forma para que o agricultor, ao tomar um empréstimo que pode chegar a até 10 anos, tenha o poder de pagamento preservado, ou seja, se o preço cair, o governo garante o preço dentro do crédito para que ele possa pagar a dívida sem que ele tenha que comprometer seu patrimônio ou devolver bens que ele tenha financiado.
Com as medidas, o governo pretende ampliar a participação da agricultura familiar no abastecimento do mercado interno e chegar a 2010 com produção de 16 milhões de toneladas de alimentos. Hoje, 70% dos produtos que chegam à mesa dos brasileiros vêm da atividade.
Quase 70% do feijão produzido no país, 56% do leite e grande parte de tubérculos e hortaliças nos supermercados também têm origem na agricultura familiar - atividade que envolve tanto pequenos quanto médios produtores, cuja renda anual pode chegar a R$ 110 mil. A mão-de-obra é basicamente familiar, mas algumas propriedades chegam a ter dois funcionários.
FONTE: Click RBS-RS/Canal Rural - 03/06/2008 21h55