Em audiência realizada no dia 19 de julho, no Incra em Brasília, com representantes dos trabalhadores do Acampamento Brilhante, no município de Cumaru do Norte (PA), o governo federal prometeu vistoriar a fazenda Estrela do Maceió, reivindicada pelos trabalhadores para reforma agrária. Na audiência o proprietário da fazenda, Jerson Lima Araújo,assumiu o compromisso de que seus empregados não perturbarão os trabalhadores, que já foram vítimas de tortura, seqüestro e ameaças de mortes. Jerson éacusado pelos agricultores de ser o mandante desses crimes.
Os trabalhadores também se comprometeram a ficar somente na área do acampamento, não ocupando outra parte da fazenda e não desmatando o local onde mais de 470 famílias estão desde 2005.
O ouvidor agrário nacional do Incra, Gercino José da Silva, informou que a Policia Militar do Estado do Pará vai garantir a segurança na região. Mas o presidente do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Cumaru do Norte, Josimar da Costa, ameaçado de morte, afirma que o clima no acampamento é de medo e apreensão. "Colocamos essa situação na frente do fazendeiro, porque a propriedade é dele e ele sabe o que acontece. Queremos que o governo tome as providências imediatas com a justiça, faça um levantamento na fazenda e puna os culpados, o que até agora não aconteceu", lamenta.
Segundo Gercino da Silva, há uma decisão judicial para que a Fazenda Estrela do Maceió seja vistoriada para averiguar se a propriedade é produtiva e se cumpre a legislação ambiental e trabalhista. "É um processo um pouco demorado porque temos que aguardar o fim da greve para iniciar a vistoria, caso a greve persista, há o compromisso que essa vistoria seja feita pelo Instituto de Terras do Pará (Iterpa)", detalha.
Inquérito - O inquérito policial continua aberto para esclarecer os responsáveis pela violência aos trabalhadores e trabalhadoras rurais. "Existe um inquérito tramitando na Delegacia de Polícia Civil de Redenção que vai apurar os responsáveis. Se eles cometeram alguma ilegalidade, serão responsabilizados", esclarece o ouvidor agrário.
O secretário de Política Agrária e Meio Ambiente da Contag, Paulo Caralo, afirma que a confederação vai continuar acompanhando o caso e cobrando uma solução das autoridades federais e locais. "Isso precisa acontecer porque quando demora muito tempo, cria-se uma tensão junto aos trabalhadores, pois existe uma vontade do fazendeiro de provocar essa tensão para expulsar os trabalhadores da área o mais rápido possível".
A grave situação em que vivem os trabalhadores e trabalhadoras rurais em Cumaru do Norte (PA) dura mais de um ano. Em agosto do ano passado, na mesma região, 12 trabalhadores rurais foram assassinados e vários outros desapareceram.
Fonte: Vanessa Montenegro
Agência Contag de Notícias