Cerca de cinco mil trabalhadores e trabalhadoras rurais de todo país e lideranças de entidades parceiras participaram, na manhã de hoje (22), da abertura oficial do 19º Grito da Terra Brasil. O ato ocorreu na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Estiveram presentes parlamentares que apoiam a pauta de reivindicações do 19º GTB e os deputados Fátima Bezerra, Jesus Rodrigues e Elvino Bohn Gass. Alberto Broch, presidente da CONTAG, afirmou que, nesses 50 anos de luta, o MSTTR se orgulha do que já foi conquistado. “80% de todas as políticas públicas que temos no campo hoje é graças a nossa luta. Mas isso não basta. Não é possível que um governo popular não avance na reforma agrária, na melhoria da qualidade de vida do nosso povo. Estamos aqui para exigir do governo o fim da violência, aquela que mata a liderança que luta pelo campo brasileiro”, afirmou. Segundo Alberto, os trabalhadores e trabalhadoras rurais de todo o país estão hoje aqui em Brasília para denunciar as injustiças e apresentar propostas. “Nos orgulhamos de ter negociado com 15 ministérios e de ter dito pessoalmente à presidenta Dilma o que o nosso povo precisa. Por isso, o Grito já é vitorioso, porque já pautamos o governo e acreditamos que vamos avançar com mais políticas públicas para o campo brasileiro”, concluiu Alberto. Alessandra da Costa Luna, secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG, lembrou que uma das principais pautas no CONAMA é o licenciamento ambiental dos nossos assentamentos. “Mais de 70% dos nossos assentamentos estão inviabilizados por falta do licenciamento que o INCRA não dá conta de fazer”, disse Alessandra, que pediu também aos deputados e deputadas presentes que fortaleçam a CONTAG nessa agenda. Segundo ela, “a agenda que o GTB traz não diz respeito apenas ao campo. Quando falamos de soberania alimentar e de reforma agrária, estamos falando sobre garantir que o alimento vá para a mesa das pessoas, pois 70% do que a gente come vem da agricultura familiar”. E nessa agenda O papel das nossas companheiras. Ela lembrou também que é preciso viabilizar o protagonismo das mulheres trabalhadoras rurais. O secretário de Comunicações da CTB, Eduardo Navarro, disse que “nós, urbanos, temos muito a aprender com a forma como vocês lutam por este país. O grito de vocês ecoa em todos os cantos do Brasil, é a voz do campo que chega aos Ministérios, no Congresso, no Senado e em todos os sindicatos do país.” Segundo ele, é preciso democratizar a sociedade brasileira. “Precisamos desenvolver outras reformas estruturantes e fundamentais para dar dignidade ao campo. “É um conjunto de reformas que vão tomar o Brasil um país avançado e desenvolvido." Por isso a CTB está com vocês na luta pelo desenvolvimento”, afirmou Navarro. Carmen Helena Foro, vice-presidenta da CUT Nacional, disse que “é impossível pensar em desenvolvimento sem crédito para a agricultura familiar. Nós, enquanto CONTAG, temos que fazer o nosso papel político e histórico. Precisamos avançar.” Carmen lembrou também que a juventude rural precisa ser respeitada, assistida e ter políticas concretas. Ela concluiu afirmando que “nós, da CUT, acreditamos firmemente que a CONTAG é exemplo de luta e historia para todo o conjunto da classe trabalhadora”. Representantes das cinco regiões lembraram a importância de se ter uma política nacional de convivência com o semiárido. A luta pela reforma agrária, por créditos, pelos assalariados(as) rurais, pelo fortalecimento da agricultura familiar e pelo fim da violência no campo também foi citada. REIVINDICACÕES O Grito da Terra Brasil deste ano, cujo lema é “50 Anos de Luta por: Reforma Agrária, Sustentabilidade, Trabalho e Dignidade no Campo”, apresentou ao governo uma pauta de reivindicações com 66 itens. Dentre eles, estão: desapropriar terras para fins de reforma agrária, possibilitando o assentamento de pelo menos 100 mil novas famílias em 2013; investir na regularização e no desenvolvimento social, produtivo e ambiental dos projetos de assentamento existentes; e disponibilizar recursos financeiros na ordem de R$ 42 bilhões para o Plano Safra da Agricultura Familiar 2013/2014, sendo R$ 30 bilhões para o crédito rural e R$ 12 bilhões para programas como ATER, PGPM/AF, PGPAF, SEAF. PROGRAMAÇÃO Logo após a abertura, os trabalhadores(as) saíram em caminhada pela Esplanada em direção ao Palácio do Planalto. No trajeto, serão feitos atos em frente ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), pelo registro sindical, e em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), contra a morosidade no julgamento das ações referentes ao campo e a impunidade. Em seguida, o destino será o Palácio do Planalto, na frente do qual os participantes do 19º GTB protestarão em defesa da realização de uma reforma agrária ampla, massiva e de qualidade.
À tarde, uma comissão de dirigentes da CONTAG receberá do governo, no Palácio do Planalto, a resposta da pauta de reivindicações do 19º GTB. Em seguida, a comissão volta à Esplanada para apresentar o resultado do 19º GTB aos trabalhadores e trabalhadoras rurais, que enquanto aguardam o anúncio participam de Assembleia. FONTE: Imprensa CONTAG - Julia Grassetti