Os europeus, em janeiro, barraram a carne nacional por questões sanitárias e, ontem, voltaram a liberar o comércio apenas com as fazendas que seguem os padrões estabelecidos por Bruxelas. As várias listas de fazendas apresentadas pelo Brasil foram motivos de polêmica tanto dentro da Europa como no governo brasileiro. O Itamaraty e o Ministério da Agricultura trocaram farpas sobre a estratégia a ser seguida e diplomatas chegaram a acusar o setor de estar prejudicando a imagem do Brasil e sua credibilidade com os europeus.
Originalmente, os europeus haviam pedido uma lista com 300 fazendas. O governo apresentou 2,6 mil. Na última sexta-feira, o Brasil aceitou apresentar uma lista com 150 fazendas. Mas parte dessas estavam com falhas em seus documentos e relatórios. Os europeus, nos bastidores, se queixaram de forma contundente contra a falta de informações sobre as propriedades que o Brasil teria certificado. Muitas sequer tinham o nome do dono da propriedade. Agora, a lista conta com 89 fazendas mineiras, muitas dos municípios de Cameirinhas, Santa Vitória, União de Minas e Ituiutuba.
O Rio Grande do Sul também conta com 11 fazendas na lista, além de duas do Espírito Santo, duas de Goiás e duas do Mato Grosso. Em Bruxelas, a Comissão Européia voltou a indicar hoje que poderá ampliar a lista de fazendas certificadas. Mas isso dependerá das visitas dos veterinários europeus que ocorre nesse momento no Brasil. As conclusões serão conhecidas apenas em meados de março.
Goiás
Orelha por orelha, brinco por brinco. Além de checar todos os dados de identidade do rebanho, os inspetores da União Européia (UE) vasculham as farmácias das fazendas atrás de medicamentos vencidos e os depósitos de rações para ver se o gado é alimentado com proteína animal, o que os europeus vetaram após os surtos da doença da vaca louca há alguns anos.
Apesar da filtragem na lista das fazendas aptas a abastecer os frigoríficos e a exportar carne in natura para os 27 países da UE, a missão sanitária que está no Brasil manteve uma vistoria rigorosa na análise dos dados de rastreabilidade do gado no primeiro dia da visita aos cinco estados exportadores que serão vistoriados (GO, MT, MG, RS e ES).
A holandesa Frankie de Dobbelaere e o belga André Evers estiveram na Fazenda 3 A II, no município de Mozarlândia, a 300 quilômetros de Goiânia, para conferir se a numeração inscrita nos brincos e nos bótons dos animais confere com os dados armazenados no Ministério da Agricultura. A diferença foi uma das falhas apontadas pela UE durante inspeção do fim de 2007. FONTE: Correio Braziliense ? DF