Neste 8 de março de 2015, saímos às ruas mais uma vez para afirmar o feminismo como um movimento auto-organizado para mudar o mundo e a vida das mulheres. Em todo o mundo, a Marcha Mundial das Mulheres lança sua 4ª ação internacional, com o eixo “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!”.
Estamos nas ruas para fortalecer a nossa resistência cotidiana ao controle dos nossos corpos, à exploração de nosso trabalho e ao avanço do capital sobre a natureza.
Estamos nas ruas para denunciar a violência do racismo, do machismo e da lesbofobia, e para afirmar as nossas propostas e práticas na construção de uma sociedade baseada na igualdade, na solidariedade, na liberdade, justiça e na paz.
Nem a terra, nem as mulheres são territórios de conquista!
A resistência das mulheres é em defesa das terras onde vivem e produzem, e que são alvo de grandes empresas transnacionais da mineração, do agronegócio e construtoras de grandes obras.
Denunciamos a expansão da mercantilização para todas as dimensões da vida. Em defesa da água como um bem comum e um direito de todas as pessoas, denunciamos as grandes empresas que lucram com o controle das fontes de água; o governo estadual que garante os lucros dos acionistas da Sabesp no mercado financeiro; e o agronegócio que é o grande consumidor de água no estado de São Paulo, enquanto a população fica sem água. Denunciamos a imposição dos transgênicos e o uso de agrotóxicos. Afirmamos a agroecologia e a luta por soberania alimentar como estratégicas para transformar o atual modelo de produção e consumo.
Já basta de controle sobre os nossos corpos e nossas vidas!
Denunciamos o conservadorismo que é cada vez mais violento em suas imposições sobre nossa sexualidade, nossos comportamentos e decisões.
Nas ruas, nas casas e universidades, a violência machista continua violando os corpos das mulheres todos os dias. E os lucros da indústria da beleza e dos cosméticos, assim como a indústria do sexo, com a prostituição e o tráfico, demonstram que capitalismo, racismo e patriarcado se fortalecem mutuamente.
Denunciamos o aumento da militarização e da violência policial. Em 2013, ao menos 6 pessoas foram mortas por dia pela polícia no Brasil. Denunciamos o racismo que faz com que, aqui, a cada 3 pessoas assassinadas, duas sejam negras.
Estamos nas ruas para denunciar a organização excludente das grandes cidades. Reivindicamos o direito a moradia, a ocupação dos espaços públicos, o direito ao transporte e a serviços públicos que garantam de fato condições para viver a vida que desejamos.
Nossa luta é por igualdade e liberdade para todas as mulheres!
Estamos nas ruas semeando liberdade e igualdade. Lutamos por uma vida sem violência e por autonomia. Lutamos pelo direito ao aborto legal e seguro para todas as mulheres que decidem interromper uma gravidez indesejada.
Estamos em luta pela superação da divisão sexual do trabalho e por um novo equilíbrio entre a produção e a reprodução. Estamos em marcha pela socialização do trabalho doméstico e de cuidados, por meio de ações que vão desde as creches públicas até a participação dos homens no trabalho que é realizado todos os dias em todas as casas.
Estamos em marcha pela ampliação e radicalização da democracia, que significa mais direitos, mais participação popular e fim do financiamento empresarial das campanhas eleitorais. Defendemos uma Constituinte exclusiva e soberana para realizar uma reforma política que coloque limites na atuação do poder econômico sobre a esfera pública.
Denunciamos o papel nefasto de grandes meios de comunicação em nossas vidas, como a Rede Globo que atua na criminalização das mulheres que fazem aborto, e a Rede Bandeirantes que insiste em dar espaço para programas que promovem a cultura do estupro. Por isso, exigimos a democratização dos meios de comunicação.
O feminismo é nossa alternativa!
Semeamos força feminista quando juntamos milhares de mulheres e afirmamos o feminismo como um movimento amplo e diverso, em luta para acabar com todas as desigualdades e discriminações que vivemos.
Estamos nas ruas semeando solidariedade entre as mulheres. Hoje, o mundo acompanha a resistência das mulheres kurdas, que há muitos anos estão ativas na luta por pela soberania e auto-determinação de seu povo e território. Elas têm sua história marcada pela coragem e valentia que muitas vezes significa dar a vida como forma de resistência. Assim como nas periferias das nossas cidades, as que continuam na batalha vivem dia a dia a dor da perda.
Somos solidárias ao povo venezuelano que resiste em defesa de seu processo de mudanças que hoje é ameaçado pelas forças reacionárias que atuam pelo poder do dinheiro, contra o poder de um povo livre e soberano.
Como mulheres latino-americanas, estamos alertas às movimentações da direita em todos os nossos países. Apostamos na mobilização popular para avançar nas mudanças e impedir retrocessos.
Como feministas em marcha até que todas sejamos livres, sabemos que para transformar esta sociedade não bastam avanços pontuais e apenas novas leis. Para mudar o mundo e mudar a vida das mulheres, é preciso atacar o coração das desigualdades, superar o sistema capitalista, patriarcal e racista e construir novas relações sociais.
4ª Ação Internacional: Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!
“Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres” é o eixo que nos movimenta nesta 4ª ação internacional da Marcha Mundial das Mulheres, de 8 de março até 17 de outubro de 2015.
Com esta ação, queremos fortalecer a defesa dos “territórios das mulheres”, que são compostos por nossos corpos, pelo lugar onde vivemos, trabalhamos e desenvolvemos nossas lutas, nossas relações comunitárias e nossa história.
No Brasil, diferente de outros momentos em que as mulheres de todo o país se reuniram em uma ação comum, a ação de 2015 será um processo enraizado em nível local. Mais informações em: www.marchamulheres.wordpress.com FONTE: Marcha Mundial de Mulheres de São Paulo