Paulo Darcie
A reunião que os representantes do funcionalismo terão amanhã com o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvainer Paiva Ferreira, deve definir os rumos de sua batalha salarial. Com as negociações paradas desde o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), os 770 mil servidores de 28 setores representados pela Confederação Nacional de Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) podem entrar em greve.
Mas, segundo o diretor da entidade, Sérgio Ronaldo da Silva, isso "só acontece se o governo quiser". Os servidores do Ministério da Cultura, do Hospital das Forças Armadas e do Banco Central firmaram acordos de reajuste com o governo antes do fim da CPMF. Agora, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que não haverá negociação salarial enquanto o Orçamento não for adequado às perdas. Outros três setores já haviam recebido proposta oficial do governo e aguardavam sua ratificação.
Todas as negociações giravam em torno de aumentos que, no mínimo, repusessem a inflação em 2008 e nos dois anos seguintes. O Plano Geral de Cargos do Poder Executivo, que baliza os salários e benefícios na maioria dos setores do funcionalismo federal, também estava em negociação e com o fim da CPMF ficou em suspenso.
CHOQUE
"Nossa pretensão é continuar dialogando, a greve seria o nosso último recurso", afirmou Silva. "Estava tudo em um estágio bem avançado. Ficamos em estado de choque", contou. Na sua avaliação, 2007 foi "o ano dos salários congelados".
Para ele, a perda de R$ 40 bilhões com o fim da CPMF deveria ser recuperada de outras maneiras, que não prejudicassem o funcionalismo. A Condsef apresentou ao ministério propostas de redução do superávit primário e fim da Desvinculação das Receitas da União (DRU)para a compensação das perdas. "Entre 1997 e 2007, a CPMF arrecadou R$ 216 bilhões, e nada disso foi para manutenção do funcionalismo e concursos públicos."
O funcionalismo federal fez greves nos últimos 5 anos. Na maior delas, em 2005, 70% dos servidores representados pela Condsef pararam por três meses. No ano passado, funcionários de órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) fizeram greves de até quatro meses. FONTE: Estado de São Paulo ? SP