Assassinada em 12 de agosto de 1983, a trabalhadora rural Margarida Alves, também presidente do sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande na Paraíba foi assassinada com um tiro no rosto. Os assassinos eram ligados à fazendeiros que se julgavam atingidos por suas constantes denúncias. Desde o ano de 2000, quando aconteceu a primeira mobilização de mulheres do movimento sindical, a ‘Marcha das Margaridas’, recebeu esse como forma de homenagem à uma mulher à frente de seu tempo que lutou sozinha contra as injustiças que acontecem no campo e também contra as mulheres. Agora em 2011, em sua quarta edição a Marcha das Margaridas reúne em Brasília 100 mil mulheres de todo Brasil para marchar por ‘Desenvolvimento sustentável, com justiça, autonomia, igualdade e liberdade’. Às vésperas da maior mobilização de mulheres da América Latina, o movimento sindical reflete a importância da história de Margarida Alves Saiba mais - Margarida Maria Alves era Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, e fundadora do Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. Ela obteve grande destaque na região por incentivar os trabalhadores rurais a buscarem na Justiça a garantia dos seus direitos protegidos pela legislação trabalhista. Promovia campanhas de conscientização com grande repercussão junto aos trabalhadores rurais que, assistidos pelo Sindicato. Juntos, moviam ações na Justiça do Trabalho, para o cumprimento dos direitos trabalhistas, como carteira de trabalho assinada, 13º salário e férias. À época do assassinato de Margarida Alves, foram movidas 73 reclamações trabalhistas contra engenhos e a Usina Tanques. Um fato inusitado, em função da então incipiente democracia brasileira, e que gerou grande repercussão. Em conseqüência disso, Margarida Alves passou a receber diversas ameaças. Eram “recomendações” para que ela parasse de “criar caso” e deixasse de atuar no Sindicato dos Trabalhadores Rurais. A despeito disso, Margarida Alves não escondia que recebia outras ameaças. Pelo contrário, tornava-as públicas, fazendo questão de respondê-las. Um dia antes de morrer, Margarida Alves participou de um evento público, no qual falou dos recados que vinha recebendo. Em seu último discurso, com áudio registrado em uma fita cassete, Margarida denunciou as ameaças que vinha sofrendo e disse que preferiria morrer lutando a morrer de fome. Margarida se tornou um símbolo de força, de garra, de coragem, de resistência e luta. Um exemplo e um estímulo com grande força mobilizadora. Cada mulher trabalhadora rural se inspira em Margarida Alves para resistir, lutar contra as formas de discriminação e violência no campo, qualificar, mobilizar e participar das lutas por igualdade de gênero, por justiça e paz no campo. O espírito de luta em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras rurais encontrado em Margarida foi o principal motivo de seu assassinato. Margarida não morreu, suas pétalas se espalharam e florescem a cada dia, se multiplicando num imenso jardim. FONTE: Suzana Campos, Agência Contag de Notícias, com informações da Assessoria da Contag