Formada por 30 mulheres dos municípios de Cáceres e Mirassol D’oeste (MT) a Associação Regional das Produtoras Extrativistas do Pantanal (ARPEP) vem conquistando visibilidade nacional com o trabalho de extração e beneficiamento do pequi, cumbaru e do babaçu nativos da região do cerrado pantaneiro.
A partir do beneficiamento dos frutos e sementes do cerrado as extrativistas elaboram uma série de produtos como a semente do cumbaru torrada, óleo de babaçu e pequi, conservas, pães e biscoitos de sabor agradável e alto teor nutritivo. A produção chega a 30 mil quilos por ano e parte dela abastece a merenda de escolas da região através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
A associação reúne grupos de mulheres agroextrativistas de três assentamentos rurais e uma comunidade, localizados na região de transição do Cerrado mato-grossense com o Pantanal, ao sudoeste do Mato Grosso. O trabalho desenvolvido pelas agricultoras da ARPEP recebeu em 2013 o Prêmio Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável da Secretária de Políticas para Mulheres da Presidência da República. Este ano a associação já aprovou projetos em dois editais nacionais, como o lançado pelo Fundo Socioambiental Casa, entidade que apoia o fortalecimento e a organização de cooperativas e associações que desenvolvem trabalhos voltados para sustentabilidade ambiental e social de comunidades.
O trabalho desenvolvido pela Associação Regional das Produtoras Extrativistas do Pantanal valoriza a identidade e o pertencimento que a população estabelece com a terra e o ambiente natural, aumentando a segurança alimentar ao manter hábitos de consumo humano seculares ligados a agrobiodiversidade dos frutos e sementes do cerrado.
O agroextrativismo exercido pelas mulheres de Cáceres e Mirassol D’oeste favorece, também, a preservação dos modos peculiares de aproveitamento e preparação de alimentos próprios da cultura alimentar regional. Colocando em evidência, ao mesmo tempo, a importância da preservação do cerrado como contraponto ao desmatamento provocado pelo avanço da monocultura da cana e da pecuária bovina presenciado atualmente na região de fronteira do Brasil com a Bolívia.
A iniciativa reconhecida nacionalmente nasceu da participação de mulheres de vários assentamentos e comunidades da região em atividades de mobilização realizadas pela Fase – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional no ano de 2005. A proposta tinha como objetivo promover o debate junto às comunidades sobre a construção de alternativas ao agronegócio e a importância da diversificação da produção, da valorização das mulheres no campo e do manejo sustentável dos agroecossistemas para a garantia da segurança alimentar nutricional das famílias camponesas da região.
Nos dias 8 e 9 de julho a presidente da ARPEP, Érica Kusue, participará juntamente com outras mulheres extrativistas do 2º Encontro Temático: A Atuação das Mulheres na Construção da Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, que acontecerá em Porto Alegre (RS). Segundo Érica. “O caminho para alcançar a valorização dos produtos e o reconhecimento público do trabalho de agroextrativismo é uma luta constante, que começa em casa com a superação do machismo dos companheiros, um trabalho que vem trazendo bons frutos porque melhora a renda e a qualidade de vida de muitas famílias dos assentamentos e comunidades de Cáceres e da região, nunca imaginamos que chegaríamos tão longe, mas o resultado esta aí, é só acreditar e confiar na força que nós mulheres temos”, enfatizou a presidente.
A partir do segundo semestre os produtos elaborados pela Associação Regional das Produtoras Extrativistas do Pantanal estarão disponíveis no entreposto da Cooperativa Conexão Verde Vitória (Coopervv), iniciativa patrocinada pela Petrobras que incentiva e apoia o comércio justo e solidário de produtos regionais. FONTE: Assessoria de Comunicação do Instituto Cidade Amiga- Paulo Wagner Moura de Oliveira