A Comissão de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Contag entrega ao governo federal nesta terça-feira a Carta Proposta do 2º Festival Nacional da Juventude Rural, em Defesa da Sucessão Rural com Terra, Políticas Públicas, Meio Ambiente Sustentável, Trabalho e Renda. O documento faz um diagnóstico da realidade dos oito milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos que vivem no campo e apresenta propostas para garantir a sucessão rural. “A sucessão rural não é apenas uma simples questão de responsabilidade familiar, restrito as relações de transmissão da propriedade da terra e herança”, esclarece Elenice Anastácio, secretária de Jovens da Contag. A dirigente afirma que a sucessão rural está relacionada com o direito de a juventude permanecer no campo, com garantia de acesso à terra, sustentabilidade ambiental, condições de trabalho decente e políticas públicas diferenciadas, sobretudo a educação do campo. A Carta Proposta também defende um modelo de desenvolvimento que rompa com as desigualdades sociais e a concentração de terra e renda e que respeite o meio ambiente, valorize as identidades e assegure direitos às populações do campo e da cidade. “Esse modelo de desenvolvimento passa pela realização da reforma agrária e pelo fortalecimento da agricultura familiar”, sustenta Alberto Broch, presidente da Contag. O documento reconhece que o Brasil está mudando, mas constata que o país ainda reproduz altos índices de analfabetismo e conserva um baixo nível escolarização entre jovens rurais, sobretudo na Região Nordeste. Esse descaso com a educação do campo, associado ao modelo fundiário arcaico, aprofunda a pobreza e a desigualdade e provoca o fenômeno do êxodo rural juvenil, especialmente entre as jovens mulheres. “Esse quadro compromete a sucessão rural e ameaça as possibilidades de fortalecimento da agricultura familiar”, afirma Elenice Anastácio. As lideranças sindicais presentes no 2º Festival Nacional da Juventude Rural propõem mudanças sócio-econômicas estruturantes e defendem uma reforma agrária, ampla, massiva e de qualidade para superar esses problemas históricos. Eles destacam também a necessidade de o governo federal priorizar a educação do campo e implementar políticas públicas que garantam sustentabilidade socioambiental e trabalho decente. “É fundamental que o Estado brasileiro reforce seu compromisso com a garantia de qualidade de vida para as populações do meio rural. A solução dessa dívida social histórica com os trabalhadores e trabalhadoras rurais não pode ser mais adiada pelo Estado brasileiro”, cobra Willian Clementino, secretário de Política Agrária da Contag. A Carta Proposta da Juventude Rural foi entregue pela direção da Contag aos ministros Luis Dulci, da Secretaria Geral da Presidência da República, e Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário, durante a abertura política do 2º Festival Nacional da Juventude Rural, em Brasília, nesta terça-feira (27).
Clique aqui para acessar a íntegra do documento FONTE: Ronaldo de Moura, Agência Contag de Notícias