“Estamos aqui em defesa do cerrado, pois é muito importante para nosso povo. Estamos aqui em defesa das nossas crianças Guaranis kaiowás e do que ainda resta da natureza, pois, as grandes empresas estão avançando e destruindo a mata, acabando com os animais e principalmente contaminando os aquíferos Guaranis, que estão cada vez mais poluídos pelas grandes empresas que atuam criminosamente dentro dos nossos territórios”, denuncia Élcio Guarani Kaiowá, que veio do Mato Grosso do Sul, fortalecer a Campanha. Da comunidade quilombola do Charco, em São Vicente Ferrer, no Maranhão. Delzimar Mendes, trouxe o relato da luta pela terra. “Nós abraçamos a causa do Cerrado, pois os fazendeiros além de nos ameaçar, estão destruindo tudo. Um companheiro nosso em 2010, Flaviano Pinto, foi morto com 7 tiros na cabeça e, até hoje os mandantes não foram presos. Nós nos sentimos Cerrado, por isso abraçamos a causa”, testemunha Delzimar Mendes, que integra o Movimento de Quilombolas no Maranhão (MOQUIBOM). O pesquisador do Cerrado, Leonardo Melgarejo, que integra a Associação Brasileira de Agroecologia, denunciou em sua fala, a tentativa de produção mono no cerrado e sua consequente guerra contra a natureza com armas químicas e biológicas. Aproveitou também, para pontuar que o Brasil precisa defender o direito das comunidades tradicionais ao seu território. “Nós temos que nos afastar dos agrotóxicos e desenvolver atividades com bases agroecológicas mais ajustadas ao meio ambiente, assim, precisamos defender as comunidades e os povos tradicionais, pois essas comunidades assumem na forma de condução da sua vida e da sua cultura, processos de coevolução amistosa com o Cerrado . Assim, estamos permanentemente na luta para combater um grupo de empresários que transforma o Brasil em colônia de exploração”, denuncia. Trabalhador rural do município de Wanderlândia no Tocantins, hoje vice-presidente, secretário de Relações Internacionais da CONTAG e secretário de Formação da COPROFAM, Willian Clementino Matias, conhece de perto a luta dos povos que vivem no Cerrado. E sabe bem, da importância da Campanha SEM CERRADO, SEM ÁGUA, SEM VIDA. “O Lançamento da campanha é estratégico para o momento que estamos vivendo no nosso País, pois os impactos das agressões historicamente feitas ao Cerrado e as ameaças impostas pelo MATOPIBA são evidentes e, sobretudo, nos deixam claro que poderemos ficar sem água, consequentemente sem produção e sem vida no Cerrado. A gente precisa envolver nesse sentido a participação do campo e da cidade, para que a Campanha tenha êxito, no sentido da manutenção do Cerrado como berço das águas e da produção da agricultura familiar, com base sustentável”, afirma o vice-presidente, secretário de Relações Internacionais da CONTAG e secretário de Formação da COPROFAM, Willian Clementino Matias. Seminário MATOPIBA Disfarçado de desenvolvimento para os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o projeto do agronegócio: MATOPIBA é visto como uma das grandes preocupações para CONTAG e para vários movimentos sociais que também fazem a defesa do Cerrado, pois ameaça destruir os 30% da vegetação nativa que ainda resta e contaminar as nascentes de águas que estão cada vez mais escassas, entre outros prejuízos irreversíveis para o maior aquífero do mundo que fica no cerrado brasileiro. Para discutir toda essa problemática. Paralelo ao lançamento da Campanha: SEM CERRADO, SEM ÁGUA, SEM VIDA, representantes da CONTAG e de movimentos que atuam em defesa do bioma, estiveram também reunidos na tarde de ontem(27), para discutir a realização de um Seminário sobre o MATOPIBA. O Seminário que deve acontecer de 16 a 18 de novembro, na CESIR/CONTAG, em Brasília-DF, será um espaço de diálogo entre as diversas regiões e comunidades, na perspectiva de abrir um amplo debate sobre a expansão do agronegócio e impactos para os povos tradicionais que vivem no Cerrado, entre outros temas. FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Barack Fernandes